Nuvem de fumo do Canadá chegou a Viana do Castelo e deve cobrir país nas próximas horas
Instituto Português do Mar e da Atmosfera tem registos de que as partículas chegaram ao distrito por volta das 10h00 desta segunda-feira.
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A nuvem do fumo provocado pelos incêndios no Canadá entrou em Portugal na manhã desta segunda-feira na zona de Viana do Castelo e, até ao final desta terça-feira, deve alastrar-se ao resto do território continental do país.
Em declarações à TSF, Diamantino Henriques, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) explicou que o fumo deve afetar o país "sensivelmente" da mesma forma, embora se preveja que o fenómeno seja "mais intenso a Norte do que a Sul, e mais a Oeste, junto à costa, do que no interior".
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A nuvem, que afeta os grupos Ocidental e Central dos Açores desde este domingo, é constituída por "partículas de fumo da combustão do material do incêndio que está a decorrer no Canadá e também gases, principalmente monóxido de carbono".
"Estendeu-se, entretanto, para Leste, para o continente e para a Península [Ibérica], e neste momento já entrou em território português, possivelmente na região Norte. Temos informação e observações de que terá já chegado a Viana do Castelo cerca das 10h00 desta manhã", revela o especialista.
Constituída por "partículas muito finas, as chamadas PM 2.5, que são as mais perigosas", Diamantino Henriques alerta para os perigos que estas representam para saúde. Além de serem "mais facilmente transportadas pelo vento, penetram mais fundo no trato respiratório humano e chegam mesmo aos pulmões. São especialmente daninhas".
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Apesar do alerta, o meteorologista deixa eventuais conselhos de prevenção para a Agência Portuguesa do Ambiente, que "deverá estar a acompanhar" a situação e, "caso se justifique, caso consiga detetar essas concentrações elevadas dessas partículas junta a estações de medida, deverá com certeza alertar as populações".
Num comunicado revelado esta manhã, o IPMA indicava que, "de acordo com as simulações do modelo de previsão do serviço CAMS (programa Copernicus), esta nuvem parece estar confinada acima dos 1100 metros de altitude e por isso não deverá afetar as populações abaixo deste nível", mas é possível que cause uma redução de visibilidade e do brilho do Sol, bem como do tom azul do céu.
E o calor?
O calor que se sente em Portugal, esse, é outra história e não vai ser agravado por esta nuvem de fumo, porque "estamos a falar de partículas, não estamos a falar de massas de ar".
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A diferença é que estas últimas "têm temperatura e têm calor, são essas que têm a ver com as ondas de calor", não sendo estas as "propriedades" das partículas de que estamos a falar e que foram "transportadas desde a América do Norte".
As altas temperaturas no território continental de Portugal explicam-se com uma "massa de ar quente que vem do Norte de África e se desloca para de Sul para Norte".