Michael Herzog fez o mundo acreditar que era um gigante da alta finança. Arrecadou mais de 33 milhões de euros e burlou pessoas e empresas em mais de três dezenas de países, incluindo Portugal.
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A justiça espanhola ainda não conseguiu desfiar totalmente o novelo da trama criada por este vigarista. Michael Herzog criava empresas fictícias, chegava a pagar a empresas de marketing para fazer as apresentações aos potenciais investidores, futuros lesados. Uma das empresas teria sede em Tel Aviv, Israel, com investimentos nas indústrias farmacêutica e aeronáutica.
O jornal El Pais teve acesso à "montanha" de documentos recolhidos pela justiça espanhola para futura prova. Há milhares de pessoas burladas. França está no topo com mais de 5 mil lesados. O burlão criou vários tipos de negócios para investidores. Tudo com base em páginas fictícias na Internet mas também terá contado com o apoio de algumas pessoas credíveis em vários países.
Num dos esquemas, Herzog inventou uma empresa de aluguer de aparelhos GPS a terceiros. Prometia um retorno de 300 por cento a quem investisse nessa promissora empresa. O lucro nunca chegou aos investidores. Os GPS nunca existiram. E o burlão desapareceu com os 22 milhões de euros arrecadados.
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O administrador de uma empresa em Valência com 800 trabalhadores descreve-o ao El Pais como «encantador de serpentes». Este administrador explica que Herzog o convenceu a investir 300 mil euros numa emissão de certificados em Londres. Demorou dois anos a perceber a burla. Ameaço Herzog com um processo e conseguiu reaver o dinheiro. Terá sido dos poucos investidores que recuperou.
Michael Herzog viajava por todo o mundo com um passaporte da Guiné-Bissau. A Guardia Civil afirma que terá sido comprado por 100 mil euros.
Um dos bancos fictícios tinha sede numa ilha do Arquipélago das Comores, no canal de Moçambique. E, numa ligação mais concreta a Portugal, parte do dinheiro das vigarices passou por cá.
Uma das contas para lavagem de dinheiro, segundo a investigação das autoridades de Madrid, é de uma freira do mosteiro ortodoxo de Vila Franca de Xira. Também o líder espiritual deste templo é suspeito de estar envolvido na lavagem de dinheiro que regressava ao bolso de Herzog.
Michael Herzog foi sinalizado há quatro anos pela polícia espanhola. Em 2013, o delito era "apenas" o de apropriação indevida. Agora é procurado por muitos mais crimes. Mas o "banqueiro" Herzog continua a monte.