No dia em que é lançado o novo 911, fomos espreitar a garagem de José Leite, onde estão cinco Porsche. Um deles está tapado. O engenheiro mecânico tem um carinho especial por este 911.
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"Não quero que se suje". Este Porsche 911 é de 1973, "talvez o mais interessante e mais carismático de todos, porque é um RS, a versão mais desportiva de todas, até à época. Nos anos 70, usava-se o carro no dia-a-dia e usava-se o mesmo carro aos fins de semana, para as corridas".
O 911, conta o colecionador, nasce de uma reclamação dos clientes do 356 "que se queixavam que, ao fim de 15 anos de modelo, o motor já não era suficiente, o espaço para bagagens e para as crianças também não era suficiente e a Porsche desenhou um carro novo inspirado neste, com um motor de 6 cilindros e 2000 [cc], mais cavalos e mais espaço".
Este 911 branco, reluzente, com letras azuis, fez muitos ralis em Portugal e tem também história num campeonato europeu. José Leite restaurou-o. É apaixonado pelos 911 e pelos 356 até ao início dos anos 70, enquanto os motores eram refrigerados a ar. A partir daí, já não lhes acha tanta piada
"Têm coisas a mais que a gente não usufrui, eletrónica, mordomias de GPS, aparelhagens, couros... Eu dispenso isso tudo, gosto de carros purinhos, que a gente consiga sentir quando os guia", sublinha. Os carros puros, a lembrar aquele que viu quando era miúdo, a memória mais antiga desta paixão pela Porsche: "Num domingo de manhã, com 4 ou 5 anos, saía com o meu pai e fomos ultrapassados por um carro e o meu pai dizia que era um carro de corrida. Acho que nasceu aí o meu despertar para os automóveis".
Agora, reformado, dá rodas a esta loucura. A oficina onde restaura os carros está cuidadosamente limpa e milimetricamente arrumada, porque aqui é também a sala de estar, onde gosta de receber os amigos.