É uma frase que se ouve muito em Pedrógão Grande: "O pior vai ser lá para setembro ou outubro", quando for altura da vindima e da apanha da azeitona e não houver uvas nem oliveiras.
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Marta da Conceição e Eugénio Santos choram os olivais perdidos.
("E o olival estava tão bonito!").
Na paragem de autocarro de Nodeirinho, ela suspira, ele estende a mão com um ramo enegrecido com uma azeitona mirrada na ponta.
("Veja como está a folha e os bagos")
"Isto nada é nosso", atira Marta, 84 anos, reforçando a ideia: "Nada é nosso! É um pão emprestado. É Deus que nos empresta". É o choro da resignação com as perdas.
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Ali perto, em Vila Facaia, Anabela Ferreira organiza os alimentos que chegaram na onda solidária. A atenção dela também vai para o futuro: "Estamos a pensar a longo. O azeite é que continua a ser muito escasso, porque, no mínimo, vamos demorar quatro anos a ter azeite novamente e as nossa pessoas cozinham muito à base de azeite. O apelo que eu faço, neste momento, é de azeite".
Anabela está convencida de que os habitantes das aldeias de Pedrógão Grande vão ter um choque daqui a dois ou três meses. "Quando chegar a época da vindima, não vai haver vindima. Quando chegar a época da apanha da azeitona não vai haver azeitona", realça.
E esse, acredita, vai ser um momento complicado.