A Casa do Alentejo recebe esta terça-feira uma sessão evocativa do centenário de José Vitoriano, um homem cuja vida se confunde com a história do PCP. Jerónimo de Sousa esteve na Manhã TSF.
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José Vitoriano nasceu a 30 de dezembro de 1917. Operário corticeiro de profissão desde os 13 anos, foi um autodidata que aprendeu a ler sozinho e ganhou o gosto pela leitura dos grandes clássicos da Literatura. Chegou a promover conferências e até uma Biblioteca Popular, que instalou na sua casa.
Juntou-se ao PCP em 1941, foi presidente do Sindicato dos Operários Corticeiros de Faro entre 1945 e 1948 e tornou-se funcionário do partido em 1951. Entre 1967 e 2000, exerceu cargos de direção no PCP. Foi deputado na Assembleia da República de 1977 a 1987 e seu vice-presidente até 1984.
Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, recorda um lutador, um "operário construído" que se tornou um modelo e uma referência.
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O secretário-geral do PCP lembra a forma como José Vitoriano era respeitado por todos, "camaradas do partido e outros deputados" e recorda um homem modesto, que se notava nos casos mais simples.
Jerónimo de Sousa recorda a história de quando José Vitoriano foi fazer exame de condução e o examinador lhe perguntou no final como achava que tinha corrido. "O Zé Vitoriano encolheu-se um pouco e respondeu: 'Eu acho que não foi nada brilhante'. E então o examinador disse: 'Só por causa dessa sinceridade eu vou passá-lo'. É a imagem de marca do José Vitoriano".
Preso político durante 17 anos, nunca cessou a vontade de aprender. Em conversa com Fernando Alves na Manhã TSF, Jerónimo de Sousa revela que das últimas coisas que fez na prisão foi aprender Alemão.
Um homem de pontes, José Vitoriano integrou com Domingos Abrantes a reunião preparatória do 1.º de Maio de 1975, em que o PCP defendeu a participação do PS. Questionado sobre se José Vitoriano teria gostado de ver a atual aliança à esquerda, Jerónimo de Sousa não hesita: "tenho a certeza que José Vitoriano estaria de acordo".