Quase metade das grande empresas do setor da construção civil tiveram que diminuir de tamanho, o mesmo aconteceu a 1/4 das empresas de serviços.
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O boletim económico de maio do Banco de Portugal (BdP) analisa em destaque a "Produtividade aparente do trabalho em Portugal na última década".
De acordo com o documento o setor empresarial quase não se mexeu ao longo dos últimos 10 anos. Assim, "a larga maioria destas empresas - entre 80% e 90%, dependendo do setor - mantém-se em 2017 no escalão de dimensão que detinha em 2008".
Apenas "cerca de 10% das empresas no caso da indústria e cerca de 6% no caso dos restantes setores conseguiram subir de escalão de dimensão até 2017".
Em sentido contrário "dentro de cada escalão, há também uma fração relevante de empresas que passou para um escalão inferior, com especial destaque para as empresas da construção."
A seleção das melhores
"Em 2008 a mediana da produtividade das novas empresas foi, para a construção, indústria, comércio, reparação de veículos, alojamento e restauração e outros serviços, de, respetivamente, 53%, 48%, 27% e 22% da mediana das restantes empresas no mercado. Em 2017 esses valores caíram para 48%, 32%, 8% e 15%, contribuindo para uma deterioração, pelo menos no curto prazo, do desempenho global", demonstra o artigo do BdP.
Em sentido contrário, "importa assinalar que as empresas ativas entre 2008 e 2016 mas que não sobreviveram até 2017 eram empresas menos produtivas" do aquelas que estavam já instaladas, apontando, assim, para "um processo de seleção das melhores empresas".
Assim só as novas empresas sendo as melhores das melhores (aquelas que estão no percentil 90) conseguem ultrapassar a produtividade daquelas que estão instaladas.
"As melhores empresas chegadas recentemente ao mercado (no percentil 90 da respetiva distribuição da produtividade) têm um desempenho particularmente positivo, ultrapassando, ao fim de algum tempo em atividade, as melhores empresas pré-existentes", adianta.
Por outro lado, "confirma-se que as empresas exportadoras são mais produtivas do que as suas congéneres não exportadoras e, nessa medida, o aumento do número de empresas ativas no comércio internacional, transversal a todos os setores, revela-se um desenvolvimento positivo. No entanto, é também de assinalar que nenhum dos grupos registou ganhos assinaláveis de produtividade entre 2008 e 2017".