Os dois jornalistas foram responsáveis por entrevistas ao Papa Francisco em 2014 e 2015. A poucos dias da visita do Papa, a TSF falou com eles sobre o dia em que conheceram o chefe da igreja católica.
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Foi em 2014 que Henrique Cymerman, correspondente da SIC para o Médio Oriente, conseguiu entrevistar o Papa Francisco, tendo sido o primeiro jornalista português a fazê-lo, mas o primeiro contacto com o chefe da igreja católica aconteceu cerca de um ano antes.
"A primeira vez que o vi foi três meses depois da eleição como Papa e foi um choque, porque eu, até ao último momento, não acreditava que esse encontro iria acontecer", conta à TSF o jornalista que, de passagem pela Argentina, por motivos profissionais, viria, mais tarde, a ser confrontado com uma proposta surpreendente.
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Depois de participar numa série de conferências, em Buenos Aires, Henrique Cymerman era abordado pelo rabino Abraão Skorka - amigo do então Cardeal Jorge Bergoglio - a propósito de um convite: " O Cardeal Bergoglio foi nomeado Papa, ele gosta muito do teu trabalho e convida-nos a ir lá juntos ao Vaticano".
Uma viagem de um jornalista judeu até ao Vaticano, a convite do Papa Francisco, da qual viria a resultar uma entrevista, um encontro de cerca de cinco horas, muita conversa e um vínculo para recordar.
"Perguntou-me o que eu achava que ele podia fazer pelo Médio Oriente e por Israel. Eu disse-lhe que fosse essa a primeira visita oficial dele e, a partir desse momento, estabeleceu-se uma espécie de contacto, no qual o eu e o Papa Francisco comunicávamos por correio eletrónico ou às vezes ele ligava diretamente para o meu telemóvel", afirma Henrique Cymerman, que viria a ajudar Francisco a organizar a viagem a Israel, à Palestina e Jordânia, bem como Oração pela Paz, com os presidentes israelita e palestiniano.
Quanto ao encontro e os primeiros momentos na presença de Francisco, apenas elogios. "Eu acho que a humanidade dele foi a primeira coisa que ressaltou, que estava clara", diz o jornalista, que lembra que durante a passagem pelo Vaticano foi fácil entender que estava perante uma "personalidade fora de série em todos os sentidos
"É uma das pessoas mais humanas que eu encontrei na minha vida", acrescenta, defendendo que se trata ainda de alguém "extremamente humilde" e com "sentido de humor".
"Ele é muito afetuoso, deu-me um passou-bem eterno", conta Aura Miguel
Outra das jornalistas a quem o Papa Francisco concedeu uma entrevista foi Aura Miguel, da Rádio Renascença, uma vaticanista e especialista em assuntos religiosos que, há vários anos, está habituada a acompanhar as viagens dos chefes da igreja católica.
Depois de trabalhar de perto com João Paulo II e Bento XVI, conheceu Francisco a bordo do avião papal, durante aquela que seria a primeira visita apostólica do sumo pontífice.
"Foi mais para me apresentar. Na minha perspetiva durou imenso tempo, porque ele é muito afetuoso, deu-me um passou-bem eterno e nunca mais largou a minha mão. Mais tarde vi as minhas imagens e a minha mão andava para cima e para baixo, com a outra mão solta e eu estava nervosíssima a explicar já não sei bem o quê", conta, com algum humor à mistura.
Algum nervosismo que não a impediu de solicitar uma entrevista. Até porque, sublinha, do encontro com o chefe da igreja católica recorda, sobretudo, a proximidade.
"A faceta da grande humanidade posso identificar também em João Paulo II e Bento XVI, mas, a maneira de ser e o caráter são completamente diferentes. O que me surpreendeu foi a proximidade que até nos leva a esquecer que ele é Papa. Ele é tão próximo que leva mesmo a sério o que nós dizemos. De tal maneira que eu lhe pedi uma entrevista, que é uma espécie de ovo de Colombo", conta, lembrando que dos mais de 70 jornalistas a bordo do avião papal todos queriam uma entrevista com o papa.
Um pedido a que se sucedeu uma resposta positiva por parte do sumo pontífice, durante um encontro que, refere Aura Miguel, deixou marcas: "Eu própria também fui 'vítima' desta grande humanidade do Papa Francisco".