O dia em que uma deputada quis fazer a travessia do Tejo e ficou a ver navios
Vários deputados tentaram, esta manhã, chegar ao Seixal de barco mas nem todos conseguiram. Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, acabou por ir de mota depois de terem sido suprimidas quatro ligações.
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Depois dos incidentes desta terça-feira num barco da Transtejo, que levaram à intervenção policial após a invasão de uma embarcação por um grupo de passageiros, alguns deputados quiseram esta manhã fazer a viagem entre Lisboa e o Seixal. Entre eles, os deputados do Bloco de Esquerda Joana Mortágua e Heitor de Sousa, e a deputada do PCP Paula Santos.
No entanto, Joana Mortágua contou à TSF que nem tudo correu como esperado quando quatro ligações foram suprimidas. Dois navios avariaram no fim de semana e, desde então, a Transtejo tem um catamarã em vez de dois a ligar Seixal e Lisboa, o que provoca atrasos no embarque, especialmente durante a hora de ponta. Esta quarta-feira foram suprimidas as ligações das 7h25, 8h10, 08h55 e 09h40 no Seixal.
A deputada bloquista diz que também tentou embarcar esta manhã mas não teve sucesso e acabou por ter de recorrer à mota para chegar ao Seixal.
"Tínhamos marcado encontro em Lisboa para depois irmos todos juntos para o Seixal, os vários deputados que acompanham esta área. Alguns conseguiram mas outros não porque a falha dos barcos e esta intermitência não permitiu a todos chegar lá a horas. Eu acabei por ter de ir de mota, senão não conseguia estar lá e voltar no tempo em que precisava, e acho que foi isso que muita gente fez. Muita gente começa a procurar alternativas e já nem sequer se dirige ao terminal porque já sabe que vai contar com atrasos ou com supressões de carreiras", contou.
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Para Joana Mortágua, que também é vereadora na Câmara de Almada, há um problema claro de investimento que acaba por prejudicar milhares de passageiros. A deputada sublinha que o problema da Transtejo Soflusa agravou-se "na altura da troika e do governo PSD/CDS-PP porque prepararam a empresa para a privatização e os navios não tiveram qualquer manutenção nesse período".
"O cobertor é muito curto e aquilo que a empresa faz é ir tapando os buracos cada vez maiores e isto é uma gestão impossível de fazer porque há de facto um problema de investimento", sublinha.
Ontem, a administração da Transtejo admitiu à TSF que não está a prestar o melhor serviço aos passageiros.
No debate quinzenal, o primeiro-ministro disse que o concurso para a compra de 10 novos navios para reforçar a frota da Transtejo deve ser lançado em janeiro, mas o mesmo concurso tinha sido anunciado em abril pelo ministro do Ambiente.
Joana Mortágua defende, no entanto, que os passageiros não podem esperar até 2020 pelos novos navios e que não adianta baixar o preço dos passes para transportes públicos inexistentes ou deficitários. A deputada bloquista acusa, por isso, o governo de António Costa de ter chegado tarde para resolver uma questão que afeta milhares de pessoas.
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"Até 2020 as pessoas continuam a ter que atravessar o Tejo para trabalhar e para fazer as suas vidas e é isso que temos dito ao Governo. É muito importante o investimento nas tarifas e dos passes, mas depois não há transportes para as pessoas utilizarem e esse investimento cai em saco roto e nós ficamos todos a ver navios", considera Joana Mortágua que insta o Executivo a assumir o erro que cometeu, ou seja, "abriu o concurso demasiado tarde e decidiu investir demasiado tarde".