"O Dia Mais Feliz." O livro em que as crianças e jovens de há 50 anos contam o 25 de Abril aos netos
Corpo do artigo
A Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Básica Sampaio Garrido, em Lisboa, cumpre, em livro, o desafio lançado, há um ano, aos avós dos alunos para escreverem sobre como viveram o dia da Liberdade e de lhes dar a possibilidade de partilharem essas experiências com os netos na sala de aula.
"O Dia Mais Feliz. O 25 de Abril contado aos netos da Revolução" nasceu das conversas entre pais, como "uma ideia simples". Só que à medida que os testemunhos foram sendo recebidos, o projeto foi ganhando dimensão numa praceta em Arroios, ponto de encontro de vários pais, muitos deles já nascidos em democracia, e para quem as cartas acabaram por ser uma descoberta.
Entre os autores das cartas há um capitão de Abril e um ex-preso político, que esteve preso em Caxias durante seis meses e foi libertado a 13 de maio de 1968, quando Paris "estava a arder" com os protestos dos estudantes. O livro conta com o contributo de muitos anónimos de várias geografias, das aldeias e do litoral, mas também das ex-colónias e dos destinos para onde fugiram à guerra colonial.
E nos netos a quem as cartas são dirigidas há crianças como Maria Rita, aluna de sete anos, que antes do livro já ouvia falar da Revolução dos Cravos em casa, e já sabia que alguns meninos da sua idade "não tinham o direito de ir à escola, porque tinham de ir trabalhar", num tempo em que "os homens tinham mais direitos do que as mulheres".
São 52 cartas, editadas e ilustradas com a prata da casa, ou seja, com o núcleo duro da associação, uma vez que alguns pais são artistas e jornalistas, e no grupo há ainda um historiador.
"O Dia Mais Feliz" é um livro para pequenos, mas também para graúdos, publicado com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, através do Programa Memórias de Lisboa, da Direção Municipal da Cultura, e com o apoio da editora Tigre de Papel.
A primeira edição tem 600 exemplares. De acordo com a presidente da Associação de Pais, Susana Ribeiro, a verba angariada com os donativos recebidos com o livro vai ser aplicada na escola, em projetos a decidir, depois de aferidas as necessidades.