"O grande desafio que o SNS atravessa é uma espécie de reconciliação com os seus profissionais"

Para o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, a saúde foi um dos setores com impacto mais negativo na vida dos portugueses em 2023, ano que expôs a degradação do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Em declarações à TSF, Carlos Cortes espera que 2024 seja o ano da "reconciliação2 com os profissionais de saúde, admitindo, por outro lado, que a eleição do novo Governo pode afetar o setor da saúde.

Audio audio TSF\audio\2023\12\noticias\26\x_carlos_cortes_balanco_e_perspetiva Carlos Cortes faz um balanço de 2023 e revela expectativas para 2024

"A saúde foi dos setores que teve mais impacto, do meu ponto de vista, na vida dos portugueses (...) pelas deficiências, pela degradação do SNS", lamenta o bastonário. "O SNS está a atravessar um período de grandes dificuldades, nomeadamente naquilo que é mais importante e que tem sido desvalorizado ao longo dos anos, que são os seus recursos humanos."

"Ao longo dos anos tem-se investido muito em infraestruturas (...) mas os profissionais de saúde não têm visto, do ponto de vista remuneratório, a sua situação melhorar em relação ao impacto gravíssimo que tiveram durante a troika - os médicos foram aqueles que mais perderam rendimento durante o período da intervenção da troika - mas também naquela que é a reestruturação da sua carreira e condições de trabalho que têm nos hospitais e nos centros de saúde", considera Carlos Cortes.

"O grande desafio que SNS está, neste momento, a atravessar é uma espécie de reconciliação com os seus profissionais", aponta, defendendo que "é preciso para o futuro existir uma nova visão, uma nova energia para o SNS".

"Muitos dos dirigentes da saúde quem têm definido os destinos do SNS nestes últimos anos têm uma visão retrógrada do SNS, olham para o SNS como há 40 anos" e "sem ter em conta as mudanças que existiram na ciência, na tecnologia, a evolução da medicina e a mudança também do tecido social", condena.