Médicos criticam plano de vacinação contra Covid-19: "Grupo dos mais idosos é claramente prioritário"
Jorge Torgal confirma que alguns elementos do Conselho nacional de saúde pública criticaram a proposta de vacinação apresentada no encontro da semana passada.
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O porta-voz do Conselho Nacional de Saúde Pública confirma a apresentação do documento que define os grupos prioritários para a vacina da Covid-19 na reunião da semana passada. Ouvido pela TSF, Jorge Torgal sublinha que a proposta foi elaborada antes de se conhecerem dados que comprovam a eficácia da vacina contra a Covid entre os mais velhos e defende que as pessoas acima dos 70 anos devem ser as primeiras a ser vacinadas.
Por isso, Jorge Torgal acredita que o plano será revisto: "O que foi apresentado foi uma primeira proposta e essa primeira proposta antecedeu o conhecimento de que havia já um ensaio que mostrava que as vacinas eram eficazes nas pessoas mais idosas. Portanto, o trabalho que foi apresentado foi anterior a isso. De qualquer forma, eu tenho confiança nos meus colegas que integram a comissão. Portanto, penso que o documento final terá em conta também o progresso do conhecimento no respeitante aos resultados dos ensaios clínicos com as vacinas nos diferentes grupos etários."
Jorge Torgal confirma que alguns elementos do Conselho nacional de saúde pública criticaram a proposta de vacinação apresentada no encontro da semana passada. Ele próprio defende que os mais velhos devem ter prioridade máxima na vacinação contra a Covid-19.
"O grupo dos mais idosos é claramente o grupo prioritário, sob o qual devia incidir toda a atividade central, a mais importante atividade, de luta contra a pandemia, porque, para mim, os mais atingidos são aqueles que morrem. A mortalidade acima de 80 anos é terrível. Portanto, a ação que o Governo devia ter era uma ação muito forte junto daqueles que são os mais frágeis da nossa sociedade", sustenta.
Para Jorge Torgal, o primeiro grupo de pessoas a ser vacinado deviam ser os idosos "acima dos 70 anos, e depois os profissionais de saúde que estão a trabalhar com doentes Covid-19".
O imunologista da Fundação Champalimaud Henrique Veiga Fernandes também sublinha que vacinar os mais velhos é também aliviar a enorme pressão sobre o serviço nacional de saúde, e explica: "As primeiras vacinas que vão ser administradas têm como objetivo principal reduzir a incidência da doença grave, e reduzir a mortalidade. Sabemos de antemão que o grupo com mais de 65 anos é o que desenvolve doença mais gravosa, e onde a mortalidade é mais elevada." Por isso, sustenta o clínico, "independentemente de terem, ou não, fatores de risco associados, os cidadãos com mais de 65 anos deveriam estar sempre na linha da frente".
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