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O nome do hino do Partido Socialista não reflete a posição tática que a liderança de Mário Soares, logo em 1974, a seguir à Revolução dos Cravos, quis imprimir na luta pelo poder.
Por um lado, o PS, fazendo jus ao seu nome, abraçou a ideia da construção em Portugal de uma sociedade socialista, tal como acabou por ficar consagrado na Constituição Portuguesa.
Aliás, nesse tempo, todos os partidos, menos o CDS e alguns pequenos grupos reacionários (como então se dizia), queriam construir uma sociedade socialista em Portugal.
Mário Soares, no seu PS, tentava demonstrar ao eleitorado que o socialismo que defendia para Portugal nada tinha a ver com a sociedade socialista que o Partido Comunista Português advogava.
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E, para marcar essa diferença, dizia que o seu socialismo era "democrático" e que o socialismo do PCP era "ditatorial".
Ainda hoje, apesar de ao longo de 45 anos tudo ter sido possível ao PS - desde meter o socialismo na gaveta (como a dada altura o próprio Mário Soares anunciou), ou fazer um governo com o CDS e o governo da "geringonça" com apoio parlamentar do Bloco e da CDU - o Partido Socialista defende ser o socialismo democrático a sua linha política natural.
A letra do hino do PS, escrita no pós 25 de Abril, não reflete claramente essa mensagem, quase parecendo a letra de um hino comunista.
Não faltam palavras "esquerdistas" como "camarada", "bandeiras rubras", "exploração" ou "igualdade".
Ao mesmo tempo, o refrão deste Socialismo em Liberdade, o hino oficial do PS, clama contra o "capital", contra os "monopólios", contra a "exploração" e reclama-se, tal como os partidos à sua esquerda, como a "força que trabalha".
Há, porém, neste hino do PS, uma única palavra que pode ser interpretada como um remoque contra o comunismo - quando, no refrão, em vez de se clamar contra a ditadura de Salazar, como seria de esperar no pós-25 de Abril, o letrista escolheu a palavra no plural, "ditaduras", o que pode abranger a crítica a regimes de raiz comunista.
Ouvir hoje o hino oficial do PS poderá soar datado, dado o cariz pró-revolucionário da letra e o tom de marcha triunfante dado por uns fracos sopros e umas leves percussões com a falta do impacto que uma orquestra a sério, mais completa, daria, mas a verdade é que o Partido Socialista não renega as suas origens e disponibiliza, no seu sítio na internet, esta versão.
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