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Um bom refrão define muitas vezes o êxito de um hino de um partido - é o refrão que as multidões de militantes cantam, entusiasmadas, abraçadas, em comunhão emocional e ideológica, e todo o resto da canção é, simplesmente, um balanço para esse coro.
Dina e Rosa Lobato Faria, quando compuseram, em 1995, um novo hino para o CDS sabiam bem a importância do refrão para a funcionalidade prática da encomenda que receberam. E o hino que compuseram para o CDS é, quase todo, um repetido refrão.
O CDS era então liderado por Manuel Monteiro, que mudou o nome do partido: passou de CDS - Centro Democrático Social - para CDS-PP, acrescentando a ideia de Partido Popular e um conceito mais à direita do que o do velho CDS, cujos dirigentes sempre se reclamaram de centro embora, na prática, o CDS fosse o partido mais à direita do espetro parlamentar português e representasse esse eleitorado.
Na aplicação desse espírito de renovação, Monteiro procurou um hino que correspondesse, na propaganda, a esse novo ideário.
A letra que Rosa Lobato Faria escreveu para o novo hino do CDS, que acabaria por ser aprovada, resultou de uma conversa de Jorge Ferreira, já falecido mas nessa altura braço direito de Monteiro, com a cantora e compositora Dina, que criou este hino com a letrista de outras músicas suas.
No refrão, repetido inúmeras vezes durante a canção, está, portanto, a força deste hino. Nele diz-se: "Para a voz de Portugal ser maior/junta a tua voz à nossa voz/e vamos cantando".
É curioso o paralelismo da letra deste hino do CDS com outro hino partidário - o Avante Camarada , do PCP, que começa com estes dois versos, muito conhecidos:
"Avante Camarada, Avante/Junta a tua à nossa voz", muito semelhante ao "junta a tua voz à nossa voz" do hino do CDS.
Mas o primeiro hino do CDS, é de 1976 e foi composto por Alexandre Sousa Machado e pelo pianista Rui Guedes, que durante alguns anos apresentou na RTP a versão portuguesa do programa italiano Topo Gigio, protagonizado por um boneco em marioneta, um ratito.
A letra desse primeiro hino tem um toque católico e conservador. Nela diz-se: "Temos fé temos coragem /P'ra seguir nosso ideal/Com trabalho, ordem e amor e paz para Portugal". E o refrão proclama: "Vem connosco amigo vem/Vem viver a liberdade/Vem connosco amigo vem /Vem torná-la realidade".
O actual hino do CDS (que é o que foi musicado em 1995 pela malograda Dina, apesar do CDS ter deixado cair a sigla PP) diz o seguinte:
"Toda a força que guardamos na mão/solidários numa mesma canção/e faremos um País que tem razão/ O orgulho de nascer português/a vontade de vencer outra vez/cada um que aqui vier trará mais dez".
Muito entusiasmo e pouca ideologia, apenas algum nacionalismo: nada de fé, de ordem, de paz, de trabalho ou, sequer, de liberdade como bradava, em 1976, o primeiro hino do CDS.
Vamos então ouvir o trabalho de Dina e Rosa Lobato Faria, intitulado "Para a Voz de Portugal ser Maior".
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