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A Carvalhesa não põe ninguém a cantar, não põe ninguém a gritar palavras de ordem nem põe ninguém a dar vivas ao líder. A Carvalhesa põe, quem a ouve, simplesmente, a pular e a dançar.
O hino da CDU, na versão criada por Fausto em 1985, tem várias inovações na história dos hinos partidários.
Em primeiro lugar parte de uma recolha etnográfica, em Trás-os-Montes, feita por Michel Giacometti - é uma melodia vinda diretamente do povo. Isto garante-lhe, à partida, uma identificação patriótica e popular.
Em segundo lugar, é um hino que foi criado sem ter uma letra e, por isso, não é uma canção, não tem palavras de exaltação, como é regra em muitos hinos. Isto garante-lhe perenidade, resistência ao desgaste de tempo, pois não amarra o hino a discursos e formulações que com o tempo se tornam ultrapassados.
Em terceiro lugar este hino não tem apenas uma versão, tem cinco. Para além da que foi gravada em 1985, e que é a mais conhecida, em 1992 foram gravadas mais quatro versões.
Conforme explica Ruben de Carvalho - um dos mentores desta produção - num texto publicado numa edição especial de 150 exemplares sobre a história da Carvalhesa, a versão gravada por Fausto resulta do impacto que em 1985 tinha um estilo musical a que se chamava Música Popular Portuguesa.
Escreve Ruben de Carvalho: "Na esteira de Zeca Afonso, os trabalhos dos Trovante, de Júlio Pereira, de Fausto tinham criado uma sonoridade tão nova quanto nossa e que conseguia um resultado inteiramente surpreendente: conquistava público em todo o País e em todas as áreas culturais".
É por isso que a primeira versão da Carvalhesa se inspira nesse movimento musical.
Mas, em 1992, o maestro António Vitorino de Almeida, o músico de jazz José Eduardo, os produtores Guilherme Inês e Zé da Ponte fazem novas versões em música clássica, pop, sintetizador e big band de jazz, que universalizam o som da Carvalhesa para vários estilos de música.
No funeral de Ruben de Carvalho, em junho passado, a última homenagem feita ao militante comunista incluiu a passagem de uma versão do trabalho de António Vitorino de Almeida sobre a Carvalhesa - um extrato editado, encurtado, da peça intitulada "Abertura Clássica sobre um tema popular português (A Carvalhesa) Op. 87a, para Orquestra". Vamos ouvir.
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