As histórias da Adega do Albertino, os caminhos para a Casa do Conto e os vinhos "velhos" da Serra de São Mamede.
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Albertino Catarino fundou o seu restaurante em 1989, depois de passar, desde os 12 anos de idade por tabernas, snack-bar, pastelarias e restaurantes. Muito mais tarde tirou um curso de hotelaria no Estoril, mas regressou à aldeia de Imaginário a escassos 35 quilómetros das Caldas da Rainha.
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Inicialmente tomou conta, juntamente com a sua mulher Fátima, do bar dos bombeiros locais, mas acabou por abrir o restaurante Adega do Albertino no pequena aldeia do Imaginário.
A cozinha é tradicional portuguesa e o sucesso mede-se pela quantidade de reservas ou, para os menos avisados, pelo tempo de espera para ocupar uma mesa. A decoração é também clássica, rústica, com uma foto de Amália em destaque, o que determina a música de fundo na sala.
O filho de Albertino e Fátima é bem conhecido dos portugueses e trabalha juntamente com a mãe na cozinha. Hélio ficou famoso por divulgar um vídeo onde circulava em cima de um skate, antes de sair da estrada, e pela frase: "o medo é uma cena que a mim não me assiste". Chegou a trabalhar em marketing, mas decidiu regressar ao restaurante dos pais.
Burguesia à portuense
A história da Casa do Conto remonta ao final do século XIX, quando a burguesia portuense se empenhava em construir casas algo apalaçadas no centro da cidade e que ficaram como uma marca indelével por toda a cidade. A ideia de Alexandra e Nuno Grande foi abrir um hotel de charme numa dessas casas na Rua da Boavista, mas um incêndio em 2009 acabou por adiar o projeto.
Foram precisos muitos apoios para reconstruir a casa que manteve apenas as fachadas. A reconstrução assentou num elemento dominante, o betão, que Nuno Grande considera adequado para muitas das reconstruções a que o seu gabinete se envolve. A Casa do Conto tem seis quartos diferentes, um amplo jardim e fica equidistante do centro histórico e zona da Boavista na cidade do Porto. Ideal para andar a pé pela cidade.
O arquiteto revelou que brevemente vai abrir um segundo hotel, a Tipografia do Conto, que resultou de mais uma recuperação, neste caso da Tipografia Gráficos Reunidos, na rua de Álvares Cabral, também no centro da Invicta. Há ainda outro projeto, Monte da Lapa, que envolve o arquiteto Álvaro Siza Vieira que passa pela recuperação de uma "ilha" típica do Porto, mas onde se promete manter os residentes e acrescentar algumas pequenas casas para turismo.
Bailar com vinho
João Afonso nasceu em Coimbra, estudou em Castelo Branco, queria seguir medicina como o pai, mas acabou por ir para Lisboa onde se inscreveu no curso de Educação Física. Foi um professor seu que percebeu que o seu jeito para dançar era fora do comum e, após alguns anos, chegou a bailarino principal da Companhia de Bailado da Gulbenkian.
Após a carreira que necessariamente termina cedo, foi fazer o vinho Rogenda na Beira Interior onde tinha umas propriedades de família. Desde essa altura que começou a escrever na Revista de Vinhos e a amizade com o enólogo Rui Reguinga trouxe-lhe a hipótese de comprar uma quinta na Serra de São Mamede, perto de Portalegre.
Junto com a sua mulher Teresa Sanches, construiu um agroturismo, Cabeças do Reguengo com 11 quartos e onde faz vinhos a partir das vinhas velhas que procurou antes de comprar o espaço.
Produz vinhos biológicos - Equinócio e Solstício, branco e tinto, e ainda as marcas Seiva, Respiro e Quartzo, todos com a mesma filosofia de respeito absoluto pela natureza e sazonalidade. Na complexidade das castas locais, que fazem parte dos vinhos de João, há variedades pouco conhecidas como o Moreto, Tinta Grossa, Tinta de Olho Branco, Corropio, Tinta Francesa, Tinta Carvalha, Moscatel Preto, nos tintos e Rabo de Ovelha, Tamarez, Uva Rei, Uva Formosa, Vale Grosso, Excelsior, Salsaparilha para brancos. Além das mais conhecidas como Trincadeira, Aragonez, Alicante Bouschet, Castelão, Grand Noir para os tintos e Arinto, Assario, Fernão Pires, Roupeiro, Alicante Branco nos vinhos brancos.
João garante que o seu desejo "é fazer puros slow wines, daqueles que se bebem dois ou três pares de anos após a colheita e se admiram nas décadas seguintes".