O mercado de Reguengos de Monsaraz regressou esta sexta-feira, seis meses depois, abrindo uma porta de esperança aos comerciantes, que testemunham tempos muito difíceis durante a pandemia que os deixou sem locais de venda.
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De periquitos a codornizes, de galinhas a coelhos, passando por canários e caturras. Pedro Silva tem os animais expostos para venda e só aguarda a chegada de clientes. Viajou até Reguengos de Monsaraz a partir de Sobral de Monte Agraço, na esperança de encontrar dias melhores.
"Isto tem sido muito complicado. Vende-se pouco e não dá para arriscar, porque não sabemos o que vai acontecer", justifica, revelando que em lugar de criar 5 mil animais se fica pelos mil, alegando que as vendas são uma incógnita, pelo que recusa estar a investir sem perspetiva de retorno.
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Revela que durante estes meses de pandemia tem parado a carrinha em aldeias e beiras de estrada para tentar chamar a atenção dos clientes, mas sem sucesso. "Também posso vender a partir de casa, mas não resulta, porque os clientes não se deslocam", lamenta. Manuel Lopes, que chegou de Montemor-o-Novo para vender pintos, tem optado pelo mesmo sistema de comercialização, mas assume que as feiras fazem muita falta ao negócio.
"Os clientes não vêm ter connosco às nossas produções. Se temos que nos descolar 15 ou 20 quilómetros para entregar os animais isso é logo prejuízo", relata, assumindo que desde o período do confinamento, vai para seis meses, "só dá para ir aguentando o barco."
Para quem vende roupa, a chuva que hoje regressou ao Alentejo está a prejudicar a 'retoma' do mercado mensal de Reguengos de Monsaraz, mas não retira o entusiasmo a Maria Prates (de Borba) por ter aqui a possibilidade de regressar às "suas" feiras.
Acredita que pode começar agora a inverter os tempos de carência que tem vivido dentro de casa. "Há pessoas que podem ter mais alguma coisa, mas há pessoas a passar fome", diz, garantindo que o mercado de Reguengos "faz muita falta, porque é um mercadinho mais ou menos".
É, sobretudo, com este argumento que Júlia Martins, comerciante oriunda de Évora, pede que as feiras "não voltem a parar", alegando que há muitas pessoas que "têm que dar de comer às famílias".
No Parque de Feiras e Exposições de Reguengos as vendas são feitas ao ar livres, mas as regras estão definidas para comerciantes e clientes: máscara na cara e mãos desinfetadas à entrada.
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