O mestre que podia ser padrinho de um golfinho do Tejo: "Tive de sair dali para não incomodar os animais"

Dora Pires/TSF
À TSF, o mestre Manuel Antão conta que assistiu ao nascimento de um golfinho no rio Tejo
Os novos barcos elétricos têm nome de aves do estuário do Tejo. A bordo do Milhafre Negro, o mestre Manuel Antão já tem saudades do Sintrense, o velhinho cacilheiro cor de laranja que ainda vai dando umas voltinhas no rio com o tradicional cheiro a gasóleo. Nada que incomodasse muito as famílias de golfinhos que voltaram ao Tejo nos últimos anos. O mestre Manuel podia bem ser padrinho de um deles. Assistiu, literalmente, ao parto.
"Estava ela a largar o feto. Eu estava com o Sintrense, a preparar o barco. Eles foram levados com a água. Pronto, largou a bolsa, vinha dentro de uma bolsa. E eu depois tive que manobrar, tive que sair dali do pé dos golfinhos. Mas fizeram uma roda. Foi aqui chegar ao Cais do Sodré. Foi aqui chegar ao Cais do Sodré que eu vi isso, é verdade", disse Manuel Antão à TSF.
No entanto, o mestre do Milhafre Negro recusa apadrinhar o animal: "Não, não sou padrinho do golfinho. Ele nasceu, coitadinho, e eu tive que me desviar daquilo, porque ela fica assim, ela fica assim nesta posição [de barriga para o ar]. O bicho sai de dentro de uma bolsazinha, percebe-se, aquilo é transparente, percebe-se. E depois, pronto, eu tive que sair dali, não é? Para não estar a incomodar os animais."

Mas, segundo Manuel Antão, o que não faltam são mamíferos aquáticos no rio Tejo.
"Golfinhos andarem aí, pronto, há muitos. É raro o dia em que não se vê isso. Agora, com as águas mais frias, vê-se menos", explica.

Com os navios elétricos, o mestre Manuel Antão vai pensando na reforma, mas a família do golfinho, que não chegou a batizar, só tende a crescer. O Tejo está cada vez menos poluído e menos ruidoso. A convivência entre golfinhos e passageiros entre margens só pode melhorar ainda mais.