São vários os casos de jornalistas desportivas assediadas em direto. As redes sociais querem denunciar o problema e exigem #DeixaElaTrabalhar.
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Um hashtag não chega para impedir o assédio que as jornalistas desportivas sofrem por parte de alguns adeptos, mas pode ser um primeiro passo para reconhecermos que o problema existe. O movimento #DeixaElaTrabalhar - que denuncia os beijos, os apalpões e as palavras impróprias a que estas profissionais estão muitas vezes sujeitas - ganha especial relevância em altura de Mundial de Futebol, com vários casos de assédio conhecidos nas últimas semanas.
"Nunca mais faças isto, ok? Eu não te admito isto", foram as palavras que Júlia Guimarães, jornalista brasileira, usou para se defender do adepto que a tentou beijar à força antes do jogo, deste domingo, entre o Japão e o Senegal. Nas imagens ouve-se ainda o adepto a pedir desculpa. A jornalista pede "respeito".
https://www.facebook.com/deixaelatrabalhar/videos/423093098163269/?hc_ref=ARRpVar5mCw4avl5P0uKg-FCjb-hfQqhm0DAlWOAmiz0lvSNS_AyGrmqH58JyfAbg-A
Nos últimos dias, foram também divulgadas imagens de jornalistas russas a serem perturbadas por adeptos brasileiros que gritavam frases impróprias e as incentivavam a repetir essas palavras, numa língua que as repórteres não conheciam. O caso foi muito contestado nas redes sociais, mas o ministro do turismo do Brasil, Vinicius Lummertz, relativizou a situação com o argumento de que "não morreu ninguém".
https://www.facebook.com/deixaelatrabalhar/photos/a.381822332290346.1073741829.379614639177782/418253221980590/?type=3
O movimento #DeixaElaTrabalhar - que se tem pronunciado sobre os acontecimentos mais recentes - foi criado por um grupo de jornalistas desportivas, mas o assédio acontece também para lá dos estádios e fora do Brasil.
Foi também para denunciar casos como este que, em 2016, surgiu o movimento #jornalistascontraoassédio. Se procurar esta hashtag no twitter encontra vários casos de mulheres jornalistas que sofreram o assédio na pele e de homens solidários com as colegas na denúncia destes abusos.
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Tanto um movimento como o outro incentivam as mulheres a contarem as suas histórias e a lutarem contra "o machismo, desrespeito e assédio nos estádios, ambiente de trabalho, redações, rede social e onde quer que aconteçam".