
Paul Krugman
Reuters/Brendan McDermid
O Nobel da Economia Paul Krugman escreveu um texto, publicado no jornal New York Times, a recordar os momentos que passou com Silva Lopes, onde admite que algumas das ideias do economista português deram-lhe pistas para os seus primeiros trabalhos académicos.
Num texto escrito pouco depois de ser conhecida a notícia da morte de José da Silva Lopes, Paul Krugman descreve a sua experiência nos anos 70, quando era ainda estudante, no Banco de Portugal onde conheceu o economista português.
«Trabalhar com Silva Lopes - que em certos momentos deve ter ficado apavorado por ter de lidar connosco, estudantes incultos quando ele estava a tentar lidar com o caos do ainda instável sistema político, mas que mesmo assim mostrava um bom humor infalível e inteligente - foi dos pontos reais mais altos de toda a história», escreve.
Paul Krugman recorda um Portugal no pós-25 de Abril de 1974, ainda antes do primeiro pedido ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI), um país com receio de não ter divisas suficientes em reservas para os pagamentos dos bens que entravam em Portugal. Nessa época, Silva Lopes afirmou: «quando tiver reservas para seis meses, não terei reservas». E Krugman diz agora que esta frase foi uma inspiração crucial para os seus primeiros trabalhos académicos.
O Nobel da Economia recorda momentos dessa época, mas também da altura em que que voltou a cruzar-se com José Silva Lopes, quando há dois anos recebeu o doutoramento "honoris causa", em Lisboa.
Krugman termina escrevendo que o «mundo perdeu um grande homem, bom e incrivelmente simpático» e recorda uma piada de Silva Lopes sobre a economia nacional, que exportava muito vestuário: «não somos a República das bananas, somos a república dos pijamas».