Leonor Beleza recorda à TSF quem era Simone Veil, a primeira mulher a presidir ao Parlamento Europeu e ex-ministra da Saúde francesa, que pertencia ao Conselho de Curadores da Fundação Champalimaud.
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Simone Veil, que sobreviveu a Aushcwitz e foi a primeira mulher a presidir ao Parlamento Europeu, morreu esta sexta-feira aos 89 anos. A ex-ministra da Saúde francesa, que promulgou a despenalização do aborto em 1975 naquele país, pertencia também ao Conselho de Curadores da Fundação Champalimaud. Em exclusivo à TSF, Leonor Beleza, a presidente da fundação, lembrou Veil e contou como se conheceram.
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"É uma memória muito forte. Ela era uma mulher com um percurso individual muito raro, com muita força, com grande projeção, enorme reconhecimento. E, ao mesmo tempo, era de uma enorme simplicidade, com quem era muito fácil conversa, de uma enorme delicadeza pessoal. Qualquer conversa com ela ficava gravada na memória de quem tinha esse privilégio." E desabafa: "Simone Veil era uma personalidade com um brilho ímpar".
Leonor Beleza conheceu Simone Veil quando a primeira era ministra da Saúde, um cargo ocupado algum tempo antes pela francesa nascida em Nice, em 1927. "Foi muito importante para mim ela explicar-me o que significava, no fundo, ter de tomar conta de uma pasta como aquela. Ela era muitíssimo conhecida e reconhecida. Eu era uma jovem que tinha aquela responsabilidade."
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"O percurso individual era tão forte que era difícil estar na presença dela e não lembrar tudo isso. Era tão fácil conversar com ela. Para mim a marca fundamental é o que representa a Europa, de vitória sobre a guerra, de construção de paz, de conseguirmos falar com todos aqueles com quem nos podemos ter desentendido muito gravemente num determinado momento."
Para Leonor Beleza, Simone Veil era "um símbolo vivo de como a paz pode prevalecer sobre a guerra, na construção de uma projeto que deita para trás as horrendas ofensas que muita gente como ela sofreram na pele". A presidente da Fundação Champalimaud lembra que Veil foi a primeira presidente do Parlamento Europeu eleita por sufrágio universal. "Era eticamente reverenciada por todos, porque a vida dela era sobre direitos, igualdade e paz."
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E como surgiu o nome de Veil na fundação? "Ela aparece porque, quando foi preciso escolher as pessoas, tentámos encontrar pessoas que tivessem autoridade, que nos pudessem verdadeiramente ajudar. "Ela teve a simplicidade, humildade e modéstia de aceitar o convite que lhe dirigi pessoalmente. De facto, foi muito importante para nós contar vários anos com uma presença de uma autoridade como ela."