A importância da língua portuguesa na conquista da independência de Timor e no futuro daquele país são temas em destaque na iniciativa "Timor: Imagens e palavras que mudaram o mundo".
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O número de falantes da língua portuguesa está a crescer em Timor-Leste. Ainda está longe de se tornar na língua mais falada, num país que tem, pelo menos, 15 línguas e 20 dialetos. Mas, Max Stahl, jornalista que filmou as imagens do Massacre de Santa Cruz, e que percorreram o mundo, garante que a língua portuguesa fez a diferença para unir os timorenses na vontade da independência, e fará no futuro enquanto elemento de união do país.
Quem concorda com a ideia é o reitor da Universidade de Coimbra, que arranca hoje com a sinalização dos 25 anos passados do Massacre de Santa Cruz e os 20 anos que passaram da atribuição dos prémios Nobel da Paz, a Ximenes Belo e Ramos Horta.
Na sessão de abertura de "Timor: Imagens e palavras que mudaram o mundo", João Gabriel Silva foi o primeiro a lembrar que a língua portuguesa foi ouvida em 1991, no rezar dos que estavam encurralados na pequena capela do cemitério de Santa Cruz.
Mas, também Max Stahl, que filmou o Massacre, refere que "esta língua fica no meio de uma luta, não só da língua, mas dos valores que comunicava, especialmente através da Igreja, mas não só".
Max Stahl tem um arquivo de mais de quinhentas horas de imagens, quer do Massacre, quer dos dias e anos que se seguiram. O jornalista não tem dúvidas. A língua portuguesa teve um papel de relevo na conquista da independência de Timor. "Um papel simbólico, mas na base da luta pela entidade que se procurava. Praticar a língua era resistência e insistência de que Timor existia. E existia porque estava ligado à língua".
Apenas pouco mais de 20% dos timorenses falam português. Os mais novos, esquecidos da história, questionam a necessidade de falar uma língua que lhes é distante. "Os jovens que agora crescem em Timor perguntam para que serve a língua portuguesa."
Mas Max Stahl esclarece: "a sobrevivência da nação depende da diferença e da identidade única do povo. Depende de bandeiras e de símbolos".
João Gabriel Silva, reitor da Universidade de Coimbra afirma que esta instituição de ensino superior tem a responsabilidade de olhar e unir aqueles que falam português.