Benjamim Rodrigues é presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros e diz que só quer ajudar a população. Há um mês começou a operar doentes no hospital da cidade. Faz é tudo "pro bono" ou seja, totalmente "de graça".
Corpo do artigo
Já não é de agora que Benjamim Rodrigues ostenta o nome de" médico do povo". Quando há cerca de dez anos foi presidente de Junta de Talhas, uma aldeia do concelho de Macedo de Cavaleiros, onde nasceu e cresceu, o ortopedista dava consultas de borla.
"Sempre o fiz. Já o fazia antes de ser presidente de junta. Posso dizer que o faço agora quando estou a atender alguns pacientes, ou melhor, são munícipes, mas antes disso eram pacientes e não resistem a porem-me questões sobre o seu estado de saúde, particularmente na minha área que é ortopedia. Obviamente que continuo a dar os meus conselhos, a dizer o que podem fazer e a sugerir-lhes até a consulta a alguns colegas meus."
TSF\audio\2018\11\noticias\08\afonso_de_sousa_o_medico_do_povo
Está-lhe no sangue o juramento de Hipócrates (juramento que os médicos fazem depois da formação) e o altruísmo, diz o agora presidente de Câmara. "Ser médico nunca deixamos de o ser, pela formação base e pelo juramento que fazemos".
Benjamim Rodrigues foi eleito presidente da Câmara de Macedo há pouco mais de um ano, há cerca de um mês começou a fazer cirurgias no hospital local que tem essa especialidade.
"De quinze em quinze dias consigo fazer algumas cirurgias que me permitem manter a minha atividade como cirurgião e ao final de um ano poderá corresponder a umas dezenas de cirurgias que ajudam os pacientes, os meus pacientes. É uma atividade em prol da população e acabo por não comprometer a minha atividade autárquica."
O médico presidente acrescenta que está tudo dentro da legalidade. "Tive que pedir autorização ao ministério da Saúde, tive também que ter autorização da ULS e tive que comunicar à Assembleia (da República), obviamente".
E salienta também que as regras da exclusividade alteraram em plena campanha. O "médico do povo" teria posto em causa a candidatura se tem sabido antes da obrigação. "Quando fui convidado a ser candidato era possível partilhar as duas atividades. Entretanto, em plena campanha, a legislação é alterada e somos obrigados à exclusividade. Talvez pensasse duas vezes se soubesse que era proibido exercer a minha profissão."
No entanto, acrescenta Benjamim Rodrigues, a exclusividade como autarca está lá, e o facto de trabalhar sem receber enquanto médico e a isenção de horário como político isentam-no de alguma eventual ilegalidade.
"A exclusividade tem só a ver com o auferir ou não auferir um vencimento e faço esta atividade "pro bono". Não aufiro qualquer vencimento, não sou pago. E, como tal, mantenho a exclusividade. A exclusividade refere a isso, não ter atividade que possa comprometer a minha atividade em termos autárquicos. Como pode imaginar, de quinze em quinze dias tirar quatro horas a uma atividade que tem isenção de horário não faz qualquer sentido pensar que estamos a comprometer a nossa função autárquica".
E também não acredita que a oposição lhe aponte falta de moral ou ética. "Não, porque a reação geral da população foi toda muito favorável. Havia muita gente que gostava de ser operada por mim", termina.
E assim, Benjamim Rodrigues, o "médico do povo" vai continuar a ser médico, ainda que de 15 em 15 dias, e presidente da Câmara de Macedo de Cavaleiros, a tempo inteiro.