Jorge Coelho regressou às origens e às memórias de infância quando iniciou a produção de queijos Serra da Estrela DOP em 2016. Além do mercado nacional, a "Vale de Estrela" já exporta para vários países do mundo. Quando se fala de Natal é inevitável a referência ao bacalhau. Na Gafanha do Aquém, em Ílhavo, o Bela Ria tem o "rei" e todos os derivados, alguns pouco conhecidos.
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Há quase três anos que o ex-governante Jorge Coelho resolveu abrir uma queijaria em Mangualde, Vale da Estrela , que reunia dois grandes objetivos: por um lado homenagear o seu avô e, por outro, criar riqueza na zona onde nasceu e cresceu. A ideia de produzir o queijo DOP (Denominação de Origem Protegida) veio da altura em que Raul Abrantes Coelho calcorreava a zona da Serra da Estrela em busca dos melhores queijos. A seguir, os queijos escolhidos eram alinhados, lavados e virados, o que se traduzia na atividade de affineur - afinador de queijos.
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Durante anos, vários hotéis e as casas Jerónimo Martins e Martins e Costa, em Lisboa, receberam os queijos "afinados" de Mangualde. Jorge Coelho chegou a acompanhar o seu avô numa carrinha às seis da manhã durante o inverno rigoroso na aldeia de Contenças (Concelho de Mangualde), onde durante anos passou o Natal com a sua família. Foi numa conversa com o amigo António Serrano, antigo ministro da Agricultura, que resolveu avançar para o negócio.
Hoje produz cerca de 50 mil queijos por ano e requeijão, provenientes dos mil litros de leite cru que recebe todos os dias de vários produtores locais e exporta para França, Espanha, Inglaterra, Luxemburgo e Austrália. O antigo presidente da Mota Engil conta com cerca de 15 empregados na queijaria todos, gosta de salientar, com contratos sem termo. Todas as semanas vai a Mangualde apesar dos cargos que ainda ocupa como administrador de empresas, comentador político ou voz ativa na sociedade civil.
Samos de bacalhau
Falar de bacalhau implica referir Ílhavo, Aveiro, Costa Nova, as gafanhas e toda a região onde durante anos saíam os pescadores para a pesca que ficou conhecida por "Faina Maior". Na Gafanha do Aquém, Jorge Pinhão e a sua mulher Rita resolveram transformar um antigo café num restaurante dedicado todos os derivados do produto como as caras, ovas, línguas e os pouco conhecidos samos, a maior parte das vezes cozinhados com feijão.
Jorge Pinhão é membro da Confraria do Bacalhau e cozinhou por diversas vezes em eventos que reúnem especialistas e amantes de um dos pratos mais típicos de Portugal. Uma das receitas que mantém no seu restaurante é o Bacalhau à Confraria, idealizada pelo antigo cozinheiro chef Silva, que também era membro da organização.
O Bela Ria é palco de degustações das diferentes formas de apresentar o produto, idealmente com marcação prévia. Mas, como garante a cozinheira Rita, "se alguém chegar sem reserva, cozinha-se umas entradas rápidas, enquanto se espera pelo prato principal". Há outros peixes da zona como as enguias, pouca carne, mas o bacalhau é o rei absoluto deste restaurante regional.