O Centro de Apoio Social dos Anjos, um espaço de apoio a pessoas carenciadas em Lisboa, serve cerca de 350 refeições todos os dias. A equipa continuou sempre a trabalhar mesmo durante o confinamento.
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Há sempre trabalho a fazer na cozinha do refeitório dos Anjos, em Lisboa. Todos os dias, o Centro de Apoio Social dos Anjos (CASA) serve cerca de 200 almoços e 150 jantares.
Entre preparar o bacalhau do almoço e adiantar o jantar, a equipa da cozinha não tem mãos a medir até a hora de abrir as portas.
As ementas vão variando, mas a cozinha portuguesa é sempre a mais apreciada. "Feijoada, adoram. Grão com mão de vaca ou com carne, adoram. Esses pratos assim que os encha. Gostam muito", conta Maria Nazaré Valoroso, que trata da supervisão da alimentação.
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As portas do refeitório abrem ao meio-dia mas antes disso já há fila à porta na Avenida Almirante Reis.
Marco, 34 anos, vem todos os dias, sempre na esperança de ver na ementa o prato preferido. "Batata frita com frango assado." Garante que a comida é boa, incluindo a sobremesa. "Não há razão de queixa da comida."
Marta Oliveira, diretora do CASA, explica que servem refeições a pessoas sem-abrigo mas também a pessoas a viver em albergues ou em quartos sem condições de acesso à cozinha.
"Muitos também não sabem cozinhar e precisam de vir comer porque a comida já está confecionada" conta.
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O espaço criado há mais de 100 anos, era conhecido como a sopa dos pobres. Marta Oliveira explica que hoje vai muito além do serviço de refeições. O CASA conta ainda com uma lavandaria, um balneário - que está temporariamente encerrado devido à pandemia, um ateliê para atividades e um centro de acolhimento, para pessoas pessoas debilitadas em termos de saúde.
O espaço oferece consultas psiquiátricas. "Vem cá psiquiatra duas vezes por semana. É uma resposta também muito valiosa", garante Marta Oliveira.
As portas estão sempre abertas todos os dias do ano e assim se mantiveram durante o confinamento. "Nós nunca paramos. Isto é uma necessidade básica das pessoas", sublinha Marta Oliveira.
A diretora do CASA revela que na primeira semana de confinamento houve um acréscimo na procura de refeições mas, rapidamente, a situação estabilizou.
"Eu acho que foi pelo susto das pessoas. O que é que nós vamos fazer agora? Onde é que nós vamos comer? Eles próprios nos perguntavam: mas isto vai fechar? E nós: não, não vai fechar, fiquem tranquilos", relata.
O espaço teve de sofrer alterações. Tiveram de reduzir a capacidade da sala para um terço, é feita a leitura de temperatura à entrada, a loiça e os talheres deram lugar a descartáveis.
"No início, eles estranharam um bocadinho toda a esta nova dinâmica mas, olhando para trás, eu acho que eles se adaptaram muito bem. Tentamos ter todos os cuidados para garantir a nossa segurança e a segurança deles e podermos ficar todos bem", remata.