Em Pedrógão Grande, na aldeia de Nodeirinho, uma das mais afetadas pelas chamas, onde morreram 11 pessoas, os habitantes queixam-se de não terem tido resposta aos pedidos de socorro.
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Eugénio Santos e Dina Duarte discorrem sobre a ineficácia do SIRESP e suspeitam que a culpa vá morrer solteira.
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- Isto foi tudo uma desorganização muito bem organizada.
- A começar pelo sistema de comunicações que eles têm, que custou uma fortuna, com tecnologia de ponta e depois chega a hora H e não funciona...
- E esse é que é o culpado, o SIRESP, mas sabe porque é que é culpado? Porque não tem rosto, porque, se tivesse um rosto, era inocente...
- Há de ter o rosto de quem o comprou e quem o contratou...
- Acha? Acha?
- Acho. Houve alguém que abriu concurso que fez a aquisição daquilo que tomou a responsabilidade de implementar aquilo... Se aquilo não funciona, alguém tem que ser responsável. Para já, o responsável é quem o adquiriu ou quem deu o aval para o adquirirem. Isto é como tudo, a gente quando compra um eletrodoméstico tem dois anos de garantia. Se aquilo não funciona, faz favor, ponha cá outro que este não presta.
- Pois, mas isso depois era chato.
- A chatice poderá estar em quem meteu alguns milhares ao bolso.
- Sim, mas já os gastou... Já não tem forma de devolver.
- É a maneira de ir buscar mais algum...
- Pois agora têm de fazer outro. É sempre a mesma história... É demasiado mau para ser verdade.
Conforme se pode ler no site da SIRESP, S.A., estamos a falar da "operadora da Rede Nacional de Emergência e Segurança resultante da parceria público-privada promovida pelo Ministério da Administração Interna e em como missão a concepção, fornecimento, montagem, construção, gestão e manutenção do SIRESP - Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal".
O maior accionista da SIRESP, com 33%, é a Galilei, que antes era a Sociedade Lusa de Negócios (SLN) e que mudou o nome depois da nacionalização do BPN. Os outros acionistas são a PT Ventures (detida pela Altice), a Motorola, a Esegur (sociedade da CGD e do Novo Banco, então BES) e a Datacomp, uma tecnológica também pertencente à estrutura SLN/Galilei.
No final do mês de junho, o Jornal de Negócios avançava que os acionistas do SIRESP já estavam a ganhar dinheiro, acrescentando que o SIRESP pagou, em 2016, mais de 6,67 milhões aos seus accionistas, em dividendos, recorrendo, para isso, aos resultados transitados.
Esta quarta-feira, o Parlamento debate um projeto de resolução em que os bloquistas recomendam ao Governo que proceda à denúncia do contrato com a sociedade que gere o SIRESP e que resgate o sistema para o Estado.