O presidente do PSD está em Zagreb, no congresso estatutário do Partido Popular Europeu, e trouxe uma mensagem sobre Portugal, à família da direita política europeia.
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Rui Rio considera que a fragmentação política na assembleia da republica "é muito pequenina", quando comparada com a de outros países europeus. A prova, para Rio, é que o sistema político tradicional em Portugal ficou mais forte, depois das eleições de outubro.
"Os dois maiores partidos, - em termos relativos -, ainda ficaram maiores. Ou seja, o Partido Socialista e o PSD - juntos - têm 81% dos deputados da Assembleia da República", salientou perante 2000 delegados de 50 partidos nacionais da direita europeia, entre os quais estão a Chanceler alemã, Angela Merkel, a presidente eleita da Comissão Europeia Ursula von der Leyen ou o presidente cessante do Conselho Europeu, Donald Tusk.
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É um cenário que para Rui Rio não encontra paralelo no resto da Europa, pois, "em Portugal, aconteceu, a seis de outubro, um pouco o contrário do que tem acontecido na maior parte dos países europeus, ou seja, o sistema partidário não se fragmentou".
"A fragmentação, é uma fragmentação muito pequenina. Ou seja, são diversos partidos, mas que elegeram apenas um deputado", salientou o presidente do PSD, considerando que "se esses mais pequenos partidos tivessem eleito dez [ou] 12 deputados, hoje o país estava numa situação, não digo de ingovernabilidade, mas próximo disso, como está, por exemplo, em Espanha".
A falar aos jornalistas à margem do congresso, Rio considerou que "Mesmo o Chega, sendo de direita, marcadamente de direita, não é tão extremo quanto se vê noutros países europeus que tÊm um discurso ainda mais à direita. Portanto, Portugal, desse ponto de vista está mais estabilizado do que aquilo que estão a maior parte dos países europeus".
"Não há, pois, em Portugal, nenhuma nova força política emergente com peso político real e implantação relevante na sociedade. Muito menos há qualquer movimento significativo de perfil fascista ou de extrema direita. Nesse aspeto, a Europa e o PPE podem estar sossegados relativamente a Portugal", afirmou em alemão perante os delegados do congresso
Reforma do Euro
No breve discurso, Rui Rio salientou ainda que "a crise de 2008-2012 deixou cicatrizes, mas deixou-nos, também, o reconhecimento da necessidade de estabilidade financeira na Zona Euro", tendo defendido "a reforma da UEM", a qual considerou "um elemento decisivo para enfrentar futuras crises e garantir a integridade da moeda única".
Sobre o quadro financeiro plurianual 2021-2027, "tem de dar corpo a uma Europa que se preocupa com uma efetiva coesão económica, social e territorial dos seus Estados-Membros", considerou, defendendo que "a solidariedade tem de continuar a ser o principal alicerce da construção europeia".
"Mas temos, também, de nos concentrar noutras questões igualmente essenciais como sejam a crise migratória, o crescimento económico, o terrorismo, e, fundamentalmente, as alterações climáticas que exigem cada vez mais atenção da nossa parte", afirmou Rio.
Saudando a "escolha de Manfred Weber", relativamente aos seus três temas para o exercício do próximo mandato do PPE: a Europa Digital, o "Green Deal" para a Europa, e a Criação de Empregos e de Prosperidade, o presidente do PSD considerou que "os avanços tecnológicos trouxeram mudanças enormes: na computação, na inteligência artificial, nas nanotecnologias, na cibersegurança ou na interação social".
"Estas alterações tão profundas na nossa própria vida, levam a que os jovens sejam, hoje, mais importantes do que nunca na nossa aceleração rumo ao futuro, onde a Europa Digital se apresenta como elemento nuclear", salientou.
"No que respeita ao "Green Deal", aproveito para felicitar a senhora Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que se comprometeu, nos primeiros 100 dias de mandato, a apresentar um plano para fazer da Europa o primeiro continente a atingir a neutralidade carbónica", destacou a falar em alemão.
"Finalmente, o tema da Criação de Empregos e de Prosperidade. Só conseguiremos manter a nossa influência mundial se soubermos preparar as nossas economias para uma era de desenvolvimento pós-industrial. Com indústrias de valor criativo, com empresas dotadas de tecnologia de impacto zero nos ecossistemas e com a referida digitalização", destacou Rui Rio.