Julieta Vilela garante que este é um bairro "sossegado". Mesmo que ainda exista tráfico de droga. "É tranquilo", garante. Os mais velhos não querem ir para longe. Sair daqui, só se for para perto.
Corpo do artigo
O bairro do Aleixo hoje está calmo. Vê-se pouca gente nas ruas, passa um carro de vez em quando a quebrar o silêncio. Julieta Vilela explica a razão deste sossego: morreu uma moradora do bairro. "Foi tudo ao funeral, aqui são muito unidos"
Julieta é a responsável pelo Centro de Dia, onde se juntam as mulheres mais idosas do bairro.
Alice Ferreira quer falar da demolição do Aleixo. Vive aqui há mais de 40 anos. Diz que só sai se for para perto. E por isso deixa um pedido ao presidente da Câmara: que tenha em atenção o facto de ela ter por esta zona a família e os amigos, "muitos amigos". Investiu na casa: "Botei chão novo, uma varanda nova, tudo novo".
Alice Ferreira desloca-se com a ajuda de uma muleta. Mora num 11º andar e o elevador, diz ela, está sempre a avariar. "São mais de 120 escadas. Ainda hoje chorei lágrimas de sangue".
Julieta corrobora, o elevador está sempre a dar problemas. E as casas? Em que estado estão? "Depende. Quem as estima tem umas ricas casas".
Julieta Vilela vem todos os dias do bairro da Pasteleira Nova. Diz que o bairro dela é pior que este em termos de segurança. Aqui, a zona mais sensível é a da torre 1 por causa do tráfico de droga.
"Aqui passo e dizem "Ó princesa bom dia", coitados, andam aí para trás e para a frente. É sossegado".
Um certo sossego, com prazo para acabar.
Encostados a um muro, um grupo de jovens prefere não falar. Dizem que gostam do bairro que não querem sair daqui. Mas não gravam. Não querem conversa com jornalistas.
Também estão no sossego deles.