Casal de Santa Marta de Portuzelo, Viana do Castelo, forma equipa de trabalho e confeciona fatos tradicionais completos.
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Rosa e João Natálio Cunha, de 61 e 62 anos, casados há 34, trabalham em equipa na confeção do traje à vianesa, que é hoje símbolo da identidade de Viana do Castelo e um dos fortes argumentos da candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027, formalizada esta segunda-feira.
Das suas oficinas na Casa João Duro, situada na Rua de Santa Martinha, 31, em Santa Marta de Portuzelo (Viana do Castelo), saem peças para todo o Mundo. João herdou o ofício do pai que durante 55 anos produziu chinelas, e ao casar com Rosa, que era costureira, completou o negócio do traje, que hoje em dia pode valer "entre 500 e 1000 euros". Trabalho não lhes falta, até porque os ofícios e os materiais ligados à confeção das peças, são cada vez mais escassos, e a clientela encara a aquisição de um fato autêntico como "um investimento". "O traje à vianesa é cada vez mais valioso, porque isto cada vez tem a tendência a não haver pessoas para fazer, para tecer e bordar. As que trabalham nisto já tem muita idade e não há gente nova a fazer. Está a ser muito complicado", afirma Rosa Cunha, que passa os dias no corta e cose para responder às encomendas que chegam de todo o lado. Trabalha principalmente "para particulares e ranchos folclóricos". Os emigrantes fazem parte da clientela.
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Fatos de mordoma, de noiva, de lavradeira, de domingar e avergastado, já lhe saíram muitos das mãos e a costureira confessa que lhe dá gosto vê-los desfilar. "Nas festas de Viana do Castelo, estou sempre a ver e reconheço sempre os meus trajes. Quando alguém passa, vejo logo que é feito por mim. Já a minha costureira diz o mesmo, quando o trabalho é dela reconhece", conta.
O mesmo orgulho tem João Natálio Cunha, que à morte do pai agarrou o ofício que até ali não queria. "O meu pai era sapateiro. Também foi obrigado a fazer as chinelas para os trajes, que entretanto já eram feitos aqui em casa. Só parou de as fazer aos 84 anos e foi aí que eu tomei o trabalho", recorda o artesão, que forma uma equipa campeã na confeção dos trajes tradicionais de Viana do Castelo. "A arte une as pessoas e faz com que as pessoas corram melhor quando se trabalha em equipa. Saem daqui bonitos trabalhos e com qualidade, que é isso que ser quer, porque estes trajes são para ficar para as gerações seguintes", diz.