A TSF apanhou boleia do vento, num balão de ar quente, ao raiar de um destes dias, em Coruche. E teve "direito" a uma aterragem ligeiramente "desportiva".
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Sábado, sete e meia da manhã. Ao longe, ainda estremunhado, o sol espreita o trabalho da equipa que ergue o grande balão colorido. Leva oito pessoas - um piloto e sete passageiros - e, pronto a voar, pesa quase 680 quilos. Um peso que inclui o chamado "envelope" (o tecido do balão), o cesto, três garrafas de gás e dois queimadores, que servem para manter quente o ar dentro do balão.
Aos poucos, qual saco cama, o balão vai saindo de um grande saco. O próximo passo é enchê-lo. Primeiro, com ar frio, com uma ventoinha. O envelope vai "engordando" e o chão, ganhando outras cores - laranja, amarelo, verde, branco. A seguir, o ar frio é aquecido, com recurso aos dois queimadores de que havemos de ouvir falar tantas vezes ao longo do voo. Servem para manter o ar quente.
Guido Van Der Velden dos Santos é o piloto. Deste e de uma dezena de balões de ar quente. O maior leva vinte e quatro pessoas e, cheio, pode chegar aos 3 mil quilos. Nada que o vento não leve.
Antes de levantar, o piloto faz questão de dar algumas regras de segurança, não vá o vento, tranquilo, por agora, mudar.
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Tranquilo e relaxante
Guido Santos começou a voar em miúdo, com o pai, que também era piloto de balões. Primeiro nas férias, depois mais a sério, até que decidiu fazer disso vida, em 2002. Tem quase 3 mil horas de voo em balão e já transportou quase 30 mil pessoas. Orgulha-se de dizer que, até hoje, ninguém se magoou.
Com a TSF, em Coruche, o voo durou um pouco mais de 60 minutos, com vento de cerca de 20 quilómetros por hora, e chegou aos 500 metros de altitude. Caso para ter medo? Guido garante que não. Voar de balão é "tranquilo e relaxante", mas há quem tenha "medo do desconhecido". Passa depressa e, no final, ganha a boa disposição e um sorriso, garante o piloto.
Lá de cima, vê-se o mundo. Ouve-se o silêncio. E há tempo para falar de tudo. Da melhor altura para voar. De como nasceu a paixão de Guido pelos balões. Do tempo, hoje mais difícil de prever do que há 20 anos. Da maior de todas as viagens. De aterragens "desportivas" - leia-se, mais turbulentas. De como se escolhe o local para aterrar. De como o vento é que manda.
Aterragem "desportiva"
Uma hora e pouco depois da descolagem, em Coruche, escolhe-se o local para descer. Barrosa, no concelho de Benavente, a uns 27 quilómetros do ponto de partida. É hora de pedir "resgate". Ligar para alguém que há-de ir buscar-nos. "Já te mando o link", diz o piloto. Telemóveis, Google maps, links, tudo muito moderno. Antigamente, a chave do carro ficava escondida e esperava-se, às vezes horas, por uma boleia. Era um dia inteiro, recorda Guido.
E hoje, a aterragem vai ser desportiva? Não está previsto. Mas, à última hora, o vento resolve fazer das suas. O piloto pede que nos viremos de costas e seguremos uma espécie de "alças" à nossa frente, dentro do cesto. "Não é preciso baixar, só segurar". Mão direita bem segura; a esquerda, nem tanto. É preciso manter o microfone a funcionar e o gravador ligado.
"Um, dois, três... e, agora"!!! Primeiro impacto. "Segurem-se, segurem-se, segurem-se! O vento vai virar o cesto!" Segundo impacto.
Se a esta hora está a imaginar-nos de pernas para o ar, devo dizer que não foi bem assim. O cesto tombou, o balão arrastou-o durante 4 ou 5 metros. Mas ninguém se magoou. Acabou tudo numa gargalhada.
Uma moto gigante nos céus do Algarve
Até domingo, 28 de outubro, o Festival Internacional de Balonismo do Algarve vai encher de cores e formas, os céus do Algarve. Lagos, Portimão, Faro, Albufeira e Portimão recebem 20 balões de todo o mundo, cinco deles com formato especial: a moto de corrida da Holanda, com 44 metros de comprimento, 38 metros de altura e 650kg de peso; o homem mergulhador do Brasil ou o gelado da Alemanha.
Na sexta-feira em Faro, no sábado em Lagos, e no domingo no Alvor, Portimão, os visitantes poderão ainda experimentar uma subida e descida num dos três balões estáticos estacionados no recinto. O programa inclui ainda duas sessões do Night Glow, um espetáculo de luz e som, com atuação conjugada entre os balões e música.
O Festival é organizado pela Windpassenger, com a direção técnica de Guido Van Der Velden dos Santos.