"O vírus não espera 3 dias" nem olha para o mapa. Viseu critica definição de concelhos de risco
António Almeida Henriques diz que o Governo não está a ser "transparente" na forma como determina se um concelho é o não considerado de risco.
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O presidente da Câmara Municipal de Viseu não ficou surpreendido com a entrada do concelho na lista de municípios em confinamento parcial e com medidas mais restritivas para combater à pandemia da Covid-19, mas critica a forma como o Governo está a conduzir o processo.
Em declarações à TSF, António Almeida Henriques promete seguir as orientações dos Governo, mas entende que o método como são definidos os concelhos de risco "devia ser mais transparente".
"Há aqui alguma opacidade na forma como este processo está a ser conduzido. Acaba por não se perceber entre que datas é que o Governo faz a quantificação, que critérios é que faz, e quem é a entidade que define esse mapa."
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Depois de avisado de que Viseu iria entrar na lista, o autarca diz que estava preparado para implementar de imediato as medidas definidas. Avançar com novas restrições só na segunda-feira não faz sentido, condena.
"Parece que o vírus vai poder esperar três dias e não contaminar as pessoas entretanto", ironiza. "Medidas deste género ou se aplicam de imediato ou estamos a adiar os seus efeitos e eventualmente a implicar uma disseminação maior" da doença.
O autarca considera ainda que as restrições impostas para controlo da pandemia deviam avançar por regiões. "O vírus não chega a um determinado sítio e pára", justifica.
Para Almeida Henriques, "fazia mais sentido (...) que o Governo desse um papel maior às comunidades intermunicipais para quê pudessem tratar do assunto" com um mapa territorial diferente, mais adequado à realidade local.
"Viseu tem 30 mil veículos que saem e entram todos os dias em direção aos concelhos que estão à volta", nota, a título de exemplo.
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O presidente da Câmara de Viseu também está preocupado com a pressão que a Covid-19 está a causar no Hospital de São Teotónio, que considera não ter condições para receber doentes infetados de outras zonas do país.
"Sabemos que há uma pressão grande sobre o Hospital de Viseu para transferir para cá casos de outros hospitais do país. Se isto acontecer então é que entramos no descalabro", alerta.
"Obviamente que temos de ser solidários e remar todos no mesmo sentido, mas estamos com uma situação de contingência, de emergência, em que esmagadora maioria dos concelhos deste distrito estão com medidas restritivas, [por isso] é preciso manter a disponibilidade deste hospital."
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