Na avaliação anual feita a Portugal, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico aponta a urgência da reforma da saúde, e sugere a adoção de orçamento plurianuais.
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A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) considera que há vários apoios do Estado aos cidadãos e às empresas que não são eficazes.
Desde benefícios fiscais a apoios sociais diretos, a instituição diz que o Estado português está a gastar dinheiro, sem que o Estado e os cidadãos disso tirem benefício.
Na mais recente avaliação da economia portuguesa, que na maioria dos casos assenta em dados do final do ano passado, a OCDE admite que há uma redução dos níveis de pobreza mais extrema, e que a diferença entre impostos pagos e benefícios recebidos reduziu nos últimos anos.
Mas pode ser uma situação temporária, por causa dos apoios do Estado, durante a pandemia, desde o início da guerra, e por causa das pressões inflacionistas.
A OCDE reconhece esforços importantes para fazer a transição energética, para combater a corrupção e para adaptar o mercado de trabalho, mas lembra que há margem para aplicar mais reformas.
Numa altura em que a esperança é grande quanto aos efeitos das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a OCDE lembra que os níveis de investimento continuam baixos e que a grande recuperação, que começava a revelar-se, foi travada.
Agora, é preciso esperar pela estabilização dos preços da energia para retomar o caminho do crescimento.
Sobre a saúde, são apontados erros que vão desde a suborçamentação, à sobrelotação dos serviços de urgência, passando pela descoordenação entre hospitais e centros de saúde.
A OCDE sugere um orçamento plurianual com definição clara de prioridades e a garantia do princípio de que todos os utentes têm ligação a um médico de família.
Sobre a transição energética, uma das propostas implica aumento das taxas ambientais, incluindo sobre os combustíveis fósseis.
Há ainda uma proposta de reforço da atuação dos reguladores para melhorar a concorrência.
Na longa análise da OCDE à economia portuguesa não passa despercebido o esforço de Portugal para reduzir a dívida, mas também a incapacidade de crescer.
São várias as notas tiradas sobre medidas sugeridas no passado em matérias como a fiscalidade, a concorrência, os apoios sociais e a saúde, e que foram simplesmente ignoradas pelo país.