Qual foi o impacto da crise dos últimos anos, em vários países desenvolvidos, na saúde das pessoas? A OCDE garante que existiram efeitos negativos, mas também positivos.
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O relatório anual sobre a evolução da saúde nos países desenvolvidos (Health at a Glance), hoje divulgado, revela que Portugal está entre os países onde mais se cortou nas despesas com saúde, mas também onde aumentaram os tempos de espera para algumas cirurgias.
Pela positiva, o documento diz que existem áreas onde estamos hoje, na maioria dos países, melhor do que no passado. A OCDE recorda as descidas, que também aconteceram em Portugal, do consumo de álcool ou de tabaco.
Outro ponto onde estamos melhor deve-se à queda dos acidentes e mortes na estrada, num cenário que este relatório associa à menor actividade económica que, na prática, diminuiu o número de carros a circular nos sítios mais afectados pela crise.
Do outro lado, pela negativa, depois de vários anos em queda, a OCDE sublinha que Portugal está agora ao lado de países onde aumentaram um pouco os tempos de espera para algumas cirurgias (o mesmo ocorreu em Espanha, na Irlanda e no Reino Unido).
O crescimento destes tempos aconteceu, por exemplo, nas operações não urgentes às cataratas, à anca e ao joelho.
A maioria dos países também cortou nas despesas com saúde. Em Portugal, por exemplo, a despesa média com saúde, por pessoa, caiu 2,2% em 2011, mas, pelo contrário, aumentou a 'fatia' que é gasta pelos doentes e não pelo Estado.
A OCDE salienta, contudo, que Portugal fez algumas reformas estruturais que melhoraram, pelo menos em algumas áreas, a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde.
O relatório sublinha, aliás, que não há, pelo menos para já, evidências de um impacto negativo da crise sobre a saúde, mesmo nos países em pior situação económica ou financeira.