Centro Paroquial e Social de Lanheses, em Viana do Castelo, adquiriu equipamento inspirado numa ideia já anotada em Espanha. E já partilhou tecnologia com “35 instituições e 720 utentes” do Alto Minho
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O Centro Paroquial e Social de Lanheses, em Viana do Castelo, proporciona aos seus utentes experiências imersivas, em paisagens de vários países, com óculos de realidade virtual. A instituição inspirou-se numa ideia já adotada por estruturas de acolhimento de idosos em Espanha e está a fazer as delícias dos mais velhos, levando-os a "viajar" por montanhas, desfiladeiros, praias e grutas do mundo.
“Ai que coisa linda! Que maravilha! Nunca vi isto na minha vida. Andei na América, na Nova Zelândia e na França. Viajei tanto. Ai que coisa tão bonita, meu Deus. Isto é precioso”, exclamou Maria Viana, de 90 anos, depois de “regressar" da sua “viagem”. “Olhe que já andei muito de avião, mas isto é diferente. Nunca vi coisa tão bonita”, comentou.
A psicóloga do centro, Edite Sousa, faz de “guia turística”. Conduz os "viajantes" pelo braço, levando as pisar os países mais longínquos.
“Tem medo de alturas senhor João? Não tem? Então vamos até à Noruega”, disse a psicóloga a João Ribas, de 90 anos. Leva-o a passear por montanhas e lagos, mas o chão é "íngreme" [provoca essa sensação] e faz cambalear o utente. Mudam de destino. “Está a ver uns postaizinhos? São os vários países, para podermos escolher. Vamos à praia?”, volta a perguntar a técnica. João responde: “Vamos, mas não trouxe calções de banho (risos)."
No fim da atividade, o nonagenário comentou, alegre: “Isto é formidável. Conheço diversos países na Europa e na África, mas isto é qualquer coisa de extraordinário. Ver essas grutas, o mar, as montanhas, é ir mais longe do que alguma vez imaginei.”
As experiências imersivas começaram no Centro Paroquial e Social de Lanheses, mas já percorreram vários pontos do Alto Minho.
“Esta ideia surgiu porque no ano passado estivemos num congresso em Santiago de Compostela, onde nos foi apresentada esta tecnologia e também projetos que estão a decorrer por toda a Espanha, que envolvem a concretização de atividades com recurso a óculos de realidade virtual imersiva em contexto de institucionalização de pessoas idosas”, conta o diretor da instituição Vasco Araújo, indicando que dali surgiu inspiração para levar a tecnologia para o lar e depois partilhá-la com “35 instituições e 720 utentes” da região do Alto Minho.
“Estamos a tentar alargar e colher apoios no sentido de tornarmos este projeto mais robusto, dar-lhe inclusivamente um cunho mais académico e podermos tirar valor científico de algumas destas atividades”, nota Vasco Araújo, defendendo que será de avaliar também “o impacto do contacto dos utentes com aquelas realidades, noutras dimensões”. "A investigação científica tem trazido à luz alguns indicadores relativos a impactos positivos em utentes com Alzheimer, Parkinson e este tipo de problemáticas", concluiu.
