Oitenta anos depois, americanos procuram ao largo do Algarve restos mortais de militares da 2.ª Guerra Mundial
Uma equipa que envolve arqueólogos subaquáticos e militares norte-americanos está a procurar vestígios dos restos mortais dos cinco aviadores que morreram quando o seu bombardeiro se despenhou no mar, ao largo de Faro, em 1943
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A Defense Pow/Mia Accounting Agency (DPAA), a agência militar do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América que se dedica a localizar e recuperar prisioneiros de guerra ou desaparecidos em combate, contratou arqueólogos e uma equipa liderada pela Ships of Discovery, uma fundação que se dedica a estes trabalhos.
Após terem tido conhecimento de que ao largo de Faro se tinha despenhado em plena Segunda Guerra Mundial um bombardeiro com 11 tripulantes a bordo, começaram a organizar-se para levar por diante esta expedição. Pelo lado português, têm a colaboração do arqueólogo Pedro Caleja, do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS).
A história, que tem agora novos desenvolvimentos, já foi contada aqui na TSF: em 1943, um bombardeiro norte-americano, com 11 militares a bordo, caiu no mar, durante a noite, a cerca de dois quilómetros ao largo de Faro. Um barco de pescadores que se encontrava perto do local, conseguiu salvar seis, os outros cinco nunca foram encontrados.
Pode pensar-se que 80 anos depois, encontrar os restos mortais dos militares é uma missão quase impossível, mas Pedro Caleja julga que não. "A arqueóloga do Ships of Discovery que esteve aqui connosco, escavou um navio francês, nos Estados Unidos, um navio do final do século 17, em que foi encontrado nessa escavação os restos mortais de um marinheiro completamente preservado", conta.
"Estes meios com lodos e com areia compactada permitem essa conservação. Portanto, existe uma possibilidade, mas claro, só se tiverem ficado presos em alguma parte da aeronave", acrescenta.
Diariamente a equipa de 18 pessoas navega até cerca de dois quilómetros ao largo de Faro, onde se encontra submerso o bombardeiro da Segunda Guerra Mundial e os trabalhos são feitos a cerca de 18 metros de profundidade. Nas escavações, tudo o que é encontrado pelos peritos é fotografado e catalogado e volta para o fundo do mar. Até aqui, no local, que é frequentemente visitado por mergulhadores, tinham sido encontradas uma asa, um motor e alguns destroços, mas com a ajuda de moto bombas que sugam a areia, já ficaram a descoberto outras partes do avião, que se encontram muito danificadas.
O arqueólogo garante que, se forem encontrados alguns vestígios dos aviadores norte-americanos, serão feitos testes de ADN e os familiares serão os primeiros a saber. Uma coisa é certa: este avião da Segunda Guerra Mundial não sairá mais do fundo do oceano e continuará a ser visitado por mergulhadores que encontram ali um fragmento da História Mundial.