"Olá pai, olá mãe": detidas 31 pessoas este ano. Os conselhos da PSP para evitar burla
O número de ocorrências tem vindo a aumentar, com quase 11 mil burlas já registadas em 2023. Os idosos continuam a ser as principais vítimas, alerta a PSP.
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Trinta e uma pessoas foram detidas este ano pela prática do crime de burla conhecido como "olá pai, olá mãe". Num comunicado divulgado esta quarta-feira, a PSP faz um balanço dos últimos cinco anos e conclui que o número de ocorrências tem vindo a aumentar.
Em 2019, foram registadas pela PSP 6758 burlas, enquanto este ano já ocorreram quase 11 mil burlas.
Assim como o número de burlas, também o número de suspeitos e detidos está a crescer. Este ano foram já detidas 31 pessoas, mais do dobro do que em todo o ano passado, quando foram detidos 11 burlões.
Segundo a PSP, os idosos continuam a ser as principais vítimas, com especial incidência nas zonas urbanas de maior densidade populacional.
Este crime é cometido através de mensagem escrita, maioritariamente WhatsApp, "remetida de um número de contacto identificável, apresentam-se como um familiar muito próximo (filho/a) da potencial vítima, seguindo usualmente duas variantes de abordagem", explica a PSP.
Os burlões "referem que o telemóvel do filho avariou, ou que se perdeu, e que o contacto telefónico agora utilizado será o seu único contacto até reparação ou aquisição de novo equipamento". Ou, então, "referem que alterou o contacto telefónico e que o número utilizado para remeter a mensagem passará a ser o seu habitual e único número".
"Utilizam, na aplicação WhatsApp, fotografia do familiar da vítima pela qual se fazem passar por forma a credibilizar a origem do contacto", nota a PSP.
"A partir desta abordagem inicial o diálogo através de mensagens continua, para dar credibilidade à história, considerando e confirmando que se tratará de uma relação familiar próxima e estruturada, até chegar ao propósito pretendido, solicitar a transferência ou envio por intermédio de plataforma de uma quantia monetária, com a justificação de que se destina ao pagamento da reparação ou aquisição de um novo telemóvel, ou pedido de "empréstimo" para liquidar uma despesa urgente", esclarece a polícia.
E não é só. De acordo com o comunicado da PSP, "ao contacto inicial, sempre através de mensagem escrita, segue-se uma conversação que poderá manter-se durante horas, com conteúdo informal e registos do dia-a-dia, com o intuito de avaliar a relação de proximidade entre a potencial vítima e o seu descendente".
"É importante salientar que, quando a vítima tenta o contacto através de chamada de voz, a mesma não é atendida e é remetida mensagem escrita com uma justificação e incentivando o contacto só por mensagem escrita. Por esta razão, o contacto através de chamada de voz é a primeira e mais rápida forma de prevenção e de despiste de que poderá estar a ser alvo de uma tentativa de burla", alerta aquela força de segurança.
A PSP deixa algumas recomendações para "reduzir o risco de vitimização":
- Ligue sempre para o número original dos seus filhos e, caso consiga falar com eles e confirmar que se trata de uma tentativa de burla, reporte a situação de imediato à PSP;
- Não realize qualquer transferência de dinheiro sem, pelo menos, previamente conseguir falar de viva voz e reconhecer a pessoa com quem pensa estar em conversação;
- Despiste possíveis tentativas de burla com perguntas simples que, em princípio, o seu familiar conheça (quais as datas de aniversário de ambos, qual o curso e a universidade que frequentam ou frequentaram, qual a matrícula do carro da família, etc).
Na passada sexta-feira, a Polícia Judiciária deteve, em flagrante delito, um cidadão estrangeiro pela prática do crime de burla qualificada. No âmbito do fenómeno conhecido como "olá mãe, olá pai", o Departamento de Investigação Criminal de Leiria também apreendeu "sete modem's que acoplavam 32 cartões SIM por aparelho, significando que operavam 224 cartões em simultâneo".
"Esta operabilidade permitia a remessa/receção de mensagens, originando que num dia pudessem ser enviados milhares de mensagens, com os argumentos conhecidos por "olá pai, olá mãe". O suspeito interagia com terceiros, em rede, podendo efetuar esquemas do género no território nacional, bem como noutros países", explicou a PJ em comunicado.