"Olhar para as árvores como um SNS": especialista alerta que sem elas "não há saúde"
Paulo Farinha Marques descreve como uma "tragédia" a queda de centenas de árvores por causa do temporal. À TSF, o professor da Universidade do Porto avisa que estas deviam ser tão valorizadas como o Serviço Nacional de Saúde
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No Dia Mundial da Árvore e da Floresta, o professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Paulo Farinha Marques, afirma, com um sorriso, que não precisa de pretextos para plantar árvores. Ainda há dias o fez e gosta de o fazer por hábito. Afinal, árvores nunca são demais: "Faz sempre falta mais uma", porque o mundo enfrenta "um gravíssimo problema de perda de árvores".
Depois da queda de centenas de árvores um pouco por todo o país, por causa da depressão Martinho, este especialista em vegetação em espaço urbano e paisagem, confessa profunda tristeza com aquilo que viu entre esta quarta e quinta-feira e fala mesmo de uma "tragédia". Ainda assim, sublinha, tal como com tudo na vida, é preciso saber lidar com isso.
Nascemos, somos vigorosos, e depois temos problemas. E, quando vejo essas coisas (da queda) das árvores, tenho de convocar essa aceitação, da existência da Natureza e da sua força, e pensar que, logo a seguir, temos de dar um passo no sentido do crescimento das coisas, porque é a única forma de enfrentarmos as tragédias.
O professor catedrático da Universidade do Porto confessa-se um otimista, por isso, ainda acredita que é possível uma "relação amigável" entre o Homem e as árvores. Para Paulo Farinha Marques, basta que haja um ordenamento do território em que haja lugar para os dois: "Não tratamos bem as árvores, porque não nos tratamos bem a nós próprios."
De resto, Paulo Farinha Marques destaca que talvez um dia seja preciso "pagarmos" pelas árvores "como pagamos pelo SNS".
"Precisamos de olhar para a árvore como um valor de interesse público, como o serviço nacional de saúde, como a educação", defende, lembrando que "sem os seres vivos verdes", que "nos dão tudo e nos protegem", não existimos.
"Sem árvores, não há saúde; é como se houvesse um SNS da parte do mundo vivo, do qual nós não temos consciência", conclui