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Os testes sanguíneos para detectar a tuberculose são «perigosos» para os doentes porque não são fiáveis, alerta a OMS. Em Portugal não há esse perigo, garante um especialista.
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que vai emitir, possivelmente no final da semana, uma recomendação sem precedentes contra a utilização destes testes para detectar a infecção pulmonar que afecta 14 milhões de pessoas em todo o mundo.
«Os testes não são fiáveis e significam uma perda de dinheiro e de tempo, colocando em risco os cuidados que devem ser efectuados», afirmou Mário Raviglione, da OMS.
Ouvido pela TSF, o coordenador do Programa Nacional de Luta Contra a Tuberculose esclareceu que estes testes são realizados em Portugal, mas não como testes de diagnóstico para detectar a tuberculose activa, ao contrário do que tem acontecido em muitos países.
O médico Fonseca Antunes explicou que este alerta da OMS resulta do facto de estes testes recentes, que «tiveram uma grande implementação à escala global, particularmente em países em vias de desenvolvimento», não terem sido «concebidos para detectar a tuberculose activa e infecciosa».
Estes testes, continuou, foram «disponibilizados ao mundo cientifico para permitir saber se uma pessoa teve contacto com a tuberculose, mas não permite distinguir um simples estado de portador saudável de um caso de tuberculose activa». «Não são uns maus testes, mas tem havido um mau uso deles», reforçou.
Segundo o coordenador do Programa Nacional de Luta Contra a Tuberculose, em Portugal estes testes estão pouco implementados, sendo que as autoridades de Saúde foram bem claras quanto ao tipo de utilização que devia ser feito com eles.
Fonseca Antunes disse que não há um regresso da tuberculose em Portugal e que a Europa é uma das regiões do mundo com menos casos desta doença. Todavia, adiantou, Portugal tem das «taxas de incidência mais elevadas» na Europa Ocidental.
«Somos um país ainda de incidência intermédia, à beira de passar para o nível de baixa incidência», rematou.
De acordo com os especialistas, cerca de um terço da população mundial é portadora da bactéria que provoca a tuberculose.