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O mês de outubro registou uma mortalidade acima do esperado, sobretudo na região de Lisboa. A Direção-Geral de Saúde diz que oscilação não foi significativa mas promete estudar causas de morte.
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Tudo indica que o calor anormal de outubro teve um impacto na mortalidade em Portugal, especialmente na região de Lisboa. Os números da Direção-Geral de Saude (DGS) mostram uma evolução «acima do esperado», num outubro que foi o mais quente desde que existem registos e com uma onda de calor que durou 10 dias. As autoridades prometem estudar melhor o que aconteceu.
O mês de outubro registou 8.567 mortes em Portugal continental, ou seja, mais 5,5% do que a mediana dos anos anteriores. O suficiente para os sistemas de monitorização referirem uma «evolução acima do esperado», numa evolução explicada essencialmente pelo que aconteceu na zona de Lisboa que teve um acréscimo de 10,6%, com mais 226 mortes do que é habitual (no global do país a diferença foi de +444).
À TSF, o Chefe da Divisão de Estatísticas de Saúde na DGS, Paulo Nogueira, defende que estamos perante uma «pequena oscilação» na mortalidade em outubro, «um sinal de que terá existido um aumento não anormal da mortalidade, porque esteve sempre dentro dos intervalos de confiança, mas que durante alguns dias andou na fronteira do que é esperado».
Os dias com mais mortalidade coincidiram com uma onda de calor que o antigo instituto de meteorologia (IPMA) registou entre 17 e 27 de outubro, a maior neste mês desde 1941. Este foi aliás o outubro mais quente desde que existem registos.
Paulo Nogueira diz que «parece claro que o que está aqui presente é uma interferência ambiental e sabemos que houve excesso de calor e partículas vindas do deserto o que gera pressão sobre a saúde, mas felizmente não existiu um excesso de mortalidade significativo».
A última vez que a mortalidade tinha sido considerada acima do esperado pelas autoridades foi na onda de calor do verão de 2013. A DGS promete também por isso tentar estudar o que motivou muitas das mortes registadas em outubro, sabendo-se que, por norma, o calor afeta mais os idosos ou doentes em situações vulneráveis.
Depois da evolução acima do esperado em outubro, em novembro os números da mortalidade voltaram ao que é habitual.
O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública defende que é preciso estudar melhor a mortalidade de outubro. À TSF, Mário Jorge Santos admite que o calor parece explicar muito, mas não chega até porque «foram temperaturas muito amenas comparando com as temperaturas de verão».
O especialista diz que é preciso perceber que pessoas morreram em outubro apesar de existir uma coincidência temporal entre a mortalidade acima do esperado e o calor, o que parece ser a única explicação para o fenómeno. Mário Jorge Santos sublinha, contudo, que o Algarve foi a região com mais calor, mas esta região não teve um aumento da mortalidade.