ONG dá como certa criação do primeiro santuário europeu para elefantes no Alentejo
Pangea Trust diz que será um paraíso feito de campos verdes, montes, florestas e charcos feito para acolher os elefantes que vão sendo proibidos nos circos e não podem regressar à vida selvagem.
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A ONG Pangea Trust já dá como certa a criação do primeiro santuário europeu para elefantes em terras portuguesas. Os terrenos estão escolhidos nos concelhos de Vila Viçosa e Alandroal, no Alentejo, mas entre as autoridades contactadas pela TSF ninguém dá o projeto como certo, até porque a legislação nacional tem regras para jardins, parques zoológicos e não prevê estes santuários. Espaços para animais selvagens que passaram a vida em cativeiro.
Segundo a organização será um paraíso feito de campos verdes, montes, florestas e charcos feito para acolher os elefantes que vão sendo proibidos nos circos e não podem regressar à vida selvagem, mas precisam de terminar os dias em liberdade.
"Estamos a trabalhar, em conjunto com os promotores, para procurar viabilizar o projeto, mas há ainda um caminho a fazer e o objetivo é criar um santuário para animais, em particular elefantes que, tendo uma vida em cativeiro em Portugal ou na Europa, possam depois beneficiar este espaço e beneficiar de uma vida digna", explicou à TSF João Maria Grilo, presidente da Câmara Municipal de Alandroal.
O autarca já sonha com o perfil dos elefantes na paisagem alentejana, mas antes também será preciso que o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) viabilize o santuário.
"Estamos a falar de um santuário que terá de ter uma componente de integração na natureza mas também, naturalmente, com as valências associadas a um parque e àquele equilíbrio que tem de ser encontrado. Não nos cabe a nós referir esses critérios. Se passarem no crivo das autoridades que têm responsabilidades nesta matéria não será o município a levantar problemas", acrescentou o autarca.
Questionado pela TSF, o ICNF confirma também ter contactos com a Pangea Trust, mas repete que, até agora, só existe uma intenção e uma possível localização do parque. No que toca aos terrenos no Alentejo, não há nenhum problema. O instituto avança que nenhum deles fica em zona protegida, mas para haver uma formalização do projeto será ainda preciso criar legislação porque a lei portuguesa não faz qualquer referência a santuários, apenas a parques e jardins zoológicos.
Já o autarca de Vila Viçosa, Inácio Esperança, indicou à Lusa que o projeto lhe foi apresentado em novembro passado pelos promotores e que, na mesma altura, foi entregue no município um Pedido de Informação Prévia (PIP).
"Dissemos que o projeto tinha interesse e que, da nossa parte, tinham toda a colaboração possível para implementar esta ideia aqui", adiantou, referindo que a iniciativa "está agora a seguir os trâmites normais".
Segundo o autarca de Vila Viçosa, as três propriedades para onde está projetado o santuário de elefantes têm uma área de cerca de 400 hectares, repartida em partes iguais pelas áreas territoriais dos dois concelhos.
Assinalando que o terreno "poderá acolher até 24 elefantes", o presidente deste município disse desconhecer, para já, o valor estimado do investimento e as datas previstas para o início da instalação do parque e inauguração.
"Disseram que tinham muito interesse em desenvolver o projeto rapidamente", mas o avanço "também depende de pareceres externos e não apenas dos pareceres das câmaras, nem da intenção dos promotores", sublinhou Inácio Esperança.
Tal como o seu homólogo de Alandroal, o presidente da Câmara de Vila Viçosa elogiou o projeto "na perspetiva de preservação das espécies" e devido ao contributo que pode dar para o desenvolvimento da região.
"Além de postos de trabalho" para a fase de construção e, depois, durante a operação, o futuro parque "vai trazer investimento para o concelho e tem outras componentes, como a turística, que podem ser importantes", concluiu.