Onze veados ibéricos são os novos habitantes do Parque Natural de Sintra-Cascais
Em declarações à TSF, o responsável do projeto, João Melo, sublinha que estes animais têm um papel na recuperação do espaço verde, na prevenção de incêndios e também como uma forma de as pessoas aprenderem a conviver com esta espécie
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Onze veados ibéricos (Cervus elaphus hispanicus) passam a viver, a partir desta quinta-feira, no Parque Natural de Sintra-Cascais. A iniciativa é da câmara que vai libertar, na Quinta do Pisão, dez fêmeas e um macho desta espécie. No parque já existem 17 cavalos sorraias, 30 burros mirandeses e cinco corços. Agora, vão chegar os veados.
São animais que têm um papel na recuperação do espaço verde e também na redução do perigo de incêndio, numa área que, ao longo dos anos, tem sofrido muito com os fogos. João Melo, responsável pelo projeto, explica à TSF que estes animais "são transporte de matéria orgânica".
João Melo dá exemplo do que já se nota, resultado da contribuição dos animais que já vivem nos 240 hectares da Quinta do Pisão: "Neste território estamos a ver, cada vez mais, a presença de espécies de rapinas, que já começam a utilizar este território como zona de caça. Ao abrir estas oportunidades, vamos criar condições para que o coelho se possa expandir, a perdiz se possa expandir, que é a base da cascata trófica neste território. Por isso, aumentar todas estas trocas de energias são, para nós, importantes a nível da concessão de natureza."
E o que podem os veados fazer pela natureza? "Como eles não comem só um tipo de vegetação e, em particular, [comem] a arbustiva, que é aquela que proporciona maior continuidade para o fogo progredir, eles ao consumirem essa vegetação faz com que haja essa descontinuidade horizontal, ou seja, o fogo tem dificuldade em progredir no terreno", explica ainda.
João Melo sublinha igualmente que o regresso dos veados é uma oportunidade para as pessoas aprenderem a interagir com os animais. "Nós não podemos achar que em África as pessoas têm de saber conviver com o leão, com o rinoceronte e com o elefante, e que nós aqui não aprendemos e não somos capazes de conviver com este tipo de espécies que, além dos benefícios que podem trazer a nível dos serviços ecossistemas, são também, para nós, um fator de valorização como ser humano."
A Quinta do Pisão, em Alcabideche, tem 380 hectares. Recebe cerca de 120 mil visitantes por ano. A entrada é gratuita.