A oposição de esquerda (PS, PCP e BE), a uma só voz, pede a demissão da ministra das Finanças, considerando que Maria Luís Albuquerque mentiu ao Parlamento.
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O líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, defendeu hoje que a ministra das Finanças perdeu as «condições éticas» para continuar no cargo, afirmando que Maria Luís Albuquerque «não falou verdade ao Parlamento» sobre os 'swap'.
«É por razões éticas. E por razões éticas é cada vez mais evidente que a senhora ministra das Finanças não falou verdade ao Parlamento. Isto não pode passar incólume. Ainda ontem na comissão dos 'swaps' foi provado que a senhora ministra tinha contactado muito com estes instrumentos de risco. É também provado que ela já autorizou instrumentos de risco», afirmou.
O líder parlamentar do PS falava aos jornalistas no Parlamento, no final da reunião da bancada parlamentar socialista.
Carlos Zorrinho apelou para que a ministra «ponha a mão na consciência» e disse que o PS não pede a demissão de Maria Luís Albuquerque por «um julgamento político» mas sim por «um julgamento ético».
«Não estamos a dizer que está a fazer bem ou mal, temos uma opinião sobre isso. Nós fazemos é um julgamento ético. Esta ministra perdeu as condições para poder exercer o seu mandato», reiterou.
Também o PCP reiterou hoje a exigência da «demissão imediata» da ministra das Finanças, afirmando que um governante que «mente a uma comissão parlamentar» não tem condições para continuar no cargo.
O deputado do PCP Paulo Sá defendeu hoje, em declarações à Lusa que «esta mentira, somada às mentiras que tem feito anteriormente, vem demonstrar que a ministra não tem condições para continuar no Governo».
«Ela está profundamente envolvida no escândalo dos 'swap'. E um membro do Governo que mente a uma comissão parlamentar de inquérito não tem condições para continuar e por isso reafirmamos a nossa exigência da demissão imediata de Maria Luís Albuquerque das funções de ministra das Finanças», disse.
Pela parte do BE, Catarina Martins considera «que quanto mais sabemos sobre os contratos swap, os contratos ruinosos que foram feitos com empresas públicas, mais duas certezas aparecem: a primeira é que estes contratos são de tal forma ruinosos que pelo menos dois mil milhões de euros públicos estão a ser desperdiçados, a segunda as responsabilidades da ministra das Finanças em todo esse processo».
Para esta bloquista «só uma relação umbical com o primeiro-ministro pode explicar que Maria Luís Albuquerque se mantenha como ministra das Finanças».
Almerindo Marques disse na segunda-feira que a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, foi a responsável do IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública que deu o parecer favorável ao contrato 'swap' celebrado pela Estradas de Portugal (EP) em 2010.
Maria Luís Albuquerque afirmou a 30 de julho, na mesma comissão, que soube de contratos 'swap' problemáticos através de "rumores de mercado" e disse que «ouvia de vez em quando conversas de colegas [do IGCP] sobre o tema».