"Oposição está incomodada por Costa dizer que merece um voto de confiança nas europeias"
Pedro Marques diz à TSF que não receia ser o "caloiro" destas eleições: "Não tenho falta de experiência, nem de contacto com os temas europeus". A campanha afasta-o do Marquês mesmo que o Benfica seja campeão.
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Pelo meio da azáfama da pré-campanha, Pedro Marques regressou - à boleia do microfone da TSF - ao ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão), onde, como "aluno bastante aplicado", estudou Económicas há "um pouco mais de 20 anos", unindo o interesse pelas relações económicas com as ciências sociais que "acabariam por determinar muito da carreira" política e profissional que teve.
"Trabalhei muito no tema da Macroeconomia, Finanças Públicas, na Segurança Social, onde os ensinamentos que levei desta casa me ajudaram ao longo da minha vida. Levei valores e a capacidade de aprender a aprender, que é o que se leva da faculdade", explica Pedro Marques no pátio central do ISEG.
O candidato que lidera a lista do PS às eleições europeias conta que, nesse tempo, "a política já fazia parte da vida" e sentiu como "natural" o ingresso numa "casa com muita gente de esquerda, uma faculdade com forte consciência social, cívica e política".
Eram os tempos das greves contra as propinas e havia, no ISEG, quem incentivasse a luta dos estudantes. Eram também os tempos da camaradagem na Juventude Socialista de Setúbal com Ricardo Mourinho Félix, o atual secretário de Estado Adjunto do Tesouro e das Finanças, que lhe fez a primeira visita guiada ao ISEG, a dois passos da Assembleia da República.
"Em jeito de brincadeira, confesso que me deu jeito para depois fazer charme à minha futura namorada e futura mulher", conta o candidato que conheceu a mulher "na primeira aula".
"Estudámos juntos, namorámos e depois casámos. É um percurso que já vai em muitos anos", lembra Pedro Marques, quase de malas feitas para Bruxelas com a família, que conta com uma filha de dez anos e dois gémeos de cinco.
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"Discutimos isso em casa e vamos estar juntos. Não queremos separar a família num período tão longo. A educação dos meus filhos será como cidadãos europeus com os pais."
Na vida política há vários décadas, Pedro Marques diz que a filha "prefere o pai em casa e não o pai político ou pai da televisão". E é difícil explicar o que é a política aos filhos? Quando era ministro, Pedro Marques recorria a um exemplo prático: "Falei de escolhas: 'imagina que o pai trabalha num sítio, onde temos que escolher se vamos construir uma escola ou hospital', e ela aí começou a elaborar e perceber o que é uma escolha política".
"Todas as campanhas negativas que temos que suportar... isto só faz sentido se for feito com a família. No final do dia, a coisa mais importante é a minha mulher e os meus filhos", sublinha o candidato escolhido por António Costa para número um da lista socialista ao Parlamento Europeu, lugar que, como gosta de destacar Pedro Marques, "já foi ocupado por Mário Soares, Sousa Franco e Maria de Lurdes Pintassilgo, entre outros".
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Questionado sobre se representa um fator adicional de pressão António Costa ter transformado estas Europeias numa avaliação do Governo, Pedro Marques ri-se: "Esse tema é engraçado em termos de análise política, mas quem diz que isto acontece pela primeira vez está a esquecer-se de todas as outras vezes".
"A novidade aqui é que a oposição esteja incomodada por ser o chefe do Governo e secretário-geral (do PS) a dizer que merece um voto de confiança nestas eleições europeias", justifica o antigo ministro do Planeamento e dos Transportes antes de passar ao ataque aos adversários à direita: "Eu percebo que eles estejam incomodados em discutir os resultados da política nacional".
"Eu não tenho falta de contacto nem de experiência com os temas europeus. Antes pelo contrário", reforça Pedro Marques recordando que "sempre esteve ligado aos Fundos europeus" e fez parte da organização da Presidência portuguesa (da UE)".
"Não sou um repetente como os candidatos da direita que têm 15 anos no Parlamento Europeu. A Europa precisa de futuro e não de passado".
Pedro Marques defende que, perante as crises recentes, "a Europa respondeu tarde, mal e afastou-se das pessoas". Agora, depois de quase concluída uma legislatura com um Governo socialista, apoiado pela esquerda, "o maior valor" é a "afirmação dessa alternativa de política económica: manter as contas em ordem mas, em vez de ser através da contração da procura interna é da estabilização e expansão dos direitos sociais".
"Diziam que não havia alternativa, "TINA" (There Is No Alternative), e nós afirmámos que havia. O caminho que fizemos em Portugal está a ser inspirador para outros países", considera o antigo governante que diz ter "orgulho" em ter feito parte das negociações da "solução que desbloqueou o cenário político em Portugal".
Pedro Marques cresceu numa família socialista e cedo deixou-se contagiar pela política: "O meu pai lutava pelo alcatroamento da rua nas sessões de Câmara e de Freguesia (Afonsoeiro - Montijo)". Um dia em que o pai ele não pôde participar, Pedro Marques foi no lugar dele. Pouco depois aderiu à Juventude Socialista.
Ao longo da pré-campanha, várias vezes veio à conversa a paixão pelo Sport Lisboa e Benfica, mas, caso as "águias" mantenham a liderança do campeonato, Pedro Marques não estará na festa do Marquês. "Ficarei feliz, obviamente, se nesse fim de semana pudermos festejar o título, mas não estarei no Marquês porque estarei a procurar falar com os portugueses sobre a importância das eleições europeias", diz.
Mas acrescenta que não é "sectário" e que também vibrou com as recentes vitórias do Futebol Clube do Porto na Youth League e do Sporting Clube de Portugal no Futsal. Afinal, os eleitores têm todas as cores clubísticas.