Oposição interna do BE recebe aplausos. Catarina Martins "errou quando continuou para os braços do PS"
Neste segundo dia de Convenção Nacional do Bloco, ficou claro que a oposição à liderança de Catarina Martins tem ganhado força. Bruno Candeias falou em representação da moção E e os aplausos ao crítico fizeram-se ouvir bem alto.
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Bruno Candeias, pela moção E, apontou este domingo que a atual direção do Bloco de Esquerda "errou" e "sabe que errou".
"Ficamos com uma certeza: a moção A e a atual direção não quis vir ao debate, preferiu o soundbite, tentando transformar esta convenção num comício, enterrando a cabeça na areia e rejeitando a autocrítica", começou por dizer.
O Bloco "errou quando não desafiou o Partido Socialista para conseguir um acordo na segunda metade da anterior legislatura", criticou Bruno Candeias. E acrescentou: a direção "não entendeu os resultados das legislativas de 2019 e continuou para os braços do Partido Socialista".
"Errou quando viabilizou o Orçamento retificativo sem garantir a proibição dos despedimentos."
"Errou quando quis impor uma candidatura presidencial sem ouvir as bases, e continuará a errar enquanto, do alto da sua sobranceria, fizer da sua linha estratégica a disputa institucional, a disputa ao centro e a disputa por migalhas com o Partido Socialista."
Bruno Candeias aproveitou para avisar a atual direção e os votantes da moção A que a moção E vem quebrar o "aparelho monolítico e cristalizado que se vem a arrastar ", de forma a reforçar a pluralidade, a democracia e o debate de ideias.
A voz da oposição da interna aproveitou para avisar que no BE há também quem queira desafiar a liderança que se "acantonou nos corredores do Parlamento e na cega proximidade ao poder".
A moção E apresenta-se como a verdadeira oposição a Catarina Martins, depois da dissidência de elementos da União Democrática Popula (UDP), em relação à moção da direção. Ao todo, são cinco centenas de militantes que criticam o "excessivo parlamentarismo", a desvalorização do trabalho autárquico e a relação com o PS.
A UDP é um dos partidos que deu origem ao BE, além do Partido Socialista Revolucionário (PSR) e da Política XXI. Depois da saída de Francisco Louçã da liderança do partido, as três tendências desapareceram e deram origem a duas correntes: socialismo e esquerda alternativa.