O Conselho das Finanças Públicas e o Conselho Económico e Social coincidem na análise: o Governo está a fazer previsões para 2021 demasiado otimistas.
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O Orçamento do Estado para 2021 (OE2021) não contempla despedimentos e falências em massa, é um orçamento otimista face à incerteza da pandemia, esta foi a ideia deixada pelo Conselho das Finanças Publicas (CFP) na apresentação, esta quinta-feira, na Assembleia da República, do parecer que fez da proposta do Governo.
A presidente do CFP, Nazaré da Costa Cabral, sublinha que o país tem que estar preparado para que as coisas não corram pelo melhor, até porque Portugal está dependente de determinados setores de atividade.
"O setor do Turismo é um setor que foi especialmente atingido pela crise e se a situação não melhorar e nós não conseguirmos resolver o problema que o Turismo pode ter, e todas as áreas que estão associadas ao Turismo, isto significa que podemos vir a ter desemprego massivo, falências massivas e, portanto, temos que estar preparados para esse cenário menos positivo. Obviamente que não desejamos que essa seja a realidade para temos que estar preparados para ela", argumenta Nazaré da Costa Cabral.
O CFP chama ainda a atenção para a importância que tem a prudência nas previsões e para os sinais de volatilidade que Portugal apresenta à partida, com uma elevada dívida pública.
CES fala em "orçamento expansionista"
Ainda esta quinta-feira foi ouvido no Parlamento do Conselho Económico e Social (CES) que classifica este como sendo "um orçamento expansionista".
O parecer do CES foi apresentado no parlamento e recebeu votos a favor de todos os parceiros sociais.
O presidente do CES, Francisco Assis, sublinha no entanto que, para alguns parceiros, o Orçamento não é suficientemente expansionista.
"Dadas as condições excecionais, é importante que este Orçamento tenha uma componente mais expansionista; parece-me que ele corresponde a essa expectativa, embora no CES vários conselheiros tenham dito que se deveria ir mais longe, porque há o receio de que a crise seja maior, e há um pouco a ideia nalguns conselheiros de que o Governo tenta acreditar demasiado na capacidade de recuperação da economia em 2021, sem a adoção de algumas medidas mais expansionistas", explica Francisco Assis.
O organismo liderado por Francisco Assis defende que "há neste Orçamento para 2021 uma componente moderadamente expansionista", suportada por um passado recente de folga orçamental, mas é preciso pensar "no retomar de uma estratégia de consolidação orçamental mal passe esta crise", defende.
Nesta audição no Parlamento, foi mostrada ainda preocupação com a estabilidade da Segurança Social e o CFP defende que seria bom o Plano de Recuperação e Resiliência, a bazuca de Bruxelas, ter sido incluída no Orçamento do Estado.