Colégio de Gastrenterologia aconselha mesmo os médicos a não fazerem as sedações tal como estão previstas pelo Ministério da Saúde.
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A Ordem dos Médicos diz que o tipo de sedação aprovado pelo Ministério para as colonoscopias no Serviço Nacional de Saúde tem várias falhas técnicas. A posição é defendida num comunicado do Colégio de Gastrenterologia que aconselha mesmo os médicos a não seguirem as ordem dos governo.
Neste comunicado, a Ordem explica que aquilo que foi aprovado pelo governo impõe aos médicos métodos gastrenterologistas "a utilização de métodos e fármacos que desde há vários anos têm caído em desuso, quer pela sua ineficácia quando comparados com outros mais recentes (e mais baratos) quer pelos seus potenciais riscos para os utentes". Aquilo que está previsto num despacho da secretaria de Estado já nem faz parte da formação da maior parte dos gastrenterologistas.
A possibilidade de sedar quem faz uma colonoscopia foi anunciada na semana passada pelo Ministério da Saúde como forma de reduzir os medos dos utentes e aumentar o rastreio dos casos de cancro.
Neste comunicado, a Ordem dos Médicos sublinha ainda que a sedação pode "desencadear complicações graves" que têm de ser acompanhadas por um especialista com formação nessa área. Algo que não está previsto no despacho do governo, que prevê que seja o gastrentrologista a dar a sedação. Uma falha que leva mesmo o colégio da especialidade a recomendar aos médicos que não façam as sedações tal como estão previstas no despacho do Ministério da Saúde.
Para além da Ordem, também a Associação de Luta Contra o Cancro do Intestino está convencida que o tipo de sedação aprovado pelo governo "é desadequado e pode desencadear graves complicações" para os utentes do Serviço Nacional de Saúde. Uma posição que será explicada numa conferência de imprensa marcada para esta tarde.
A TSF contactou entretanto o Ministério da Saúde. Por agora, o gabinete de Paulo Macedo apenas garante que o despacho citado pela não define orientações técnicas e apenas pede que estas sejam decididas, mais tarde, pela Direcção-Geral de Saúde.
Em resposta, o bastonário da Ordem dos Médicos diz que isso é verdade, mas apenas em parte. À TSF, José Manuel Silva explica que o tipo de tratamento e os fármacos estão numa tabela de preços publicada ao mesmo tempo que o despacho do secretário de Estado.
O bastonário sublinha que a sedação aprovada pelo Governo não elimina a dor de forma adequada e pode ter riscos para o doente, nomeadamente porque não será acompanhada, como devia, por um médico com especialização na área das anestesias. Uma falta de acompanhamento que deixou de acontecer há vários anos porque «aconteciam acidentes», não se enquadrando naquilo que hoje são consideradas «boas práticas médicas».