Ordem dos Enfermeiros desafia Governo a fazer "levantamento das necessidades urgentes" e planear contratações
Luís Filipe Barreira sublinha que o plano de contratação tem de ser acompanhado por uma "política de recursos humanos", para que seja possível valorizar, fixar e reter estes profissionais no setor público da saúde
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A Ordem dos Enfermeiros desafiou esta segunda-feira o Governo a fazer um levantamento das necessidades urgentes e definir um calendário para a contratação de profissionais de saúde.
O bastonário Luís Filipe Barreira esteve reunido durante a manhã desta segunda-feira com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e deixou alertas quanto à falta de enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"O relatório produzido em dezembro de 2023, ainda pelo Governo do PS, dava conta da falta de 14 mil enfermeiros no SNS. É importante que o atual Governo faça um levantamento das necessidades urgentes e que faça um planeamento de contratação a curto, médio e longo prazo", avisou.
Luís Filipe Barreira argumentou ainda que este plano de contratação tem de ser acompanhado por uma "política de recursos humanos", para que seja possível valorizar, fixar e reter estes profissionais no setor público da saúde.
Pedro Nuno Santos dedicou a manhã desta segunda-feira às ordens profissionais do setor da saúde. Depois da reunião com Luís Filipe Barreira, o líder dos socialistas esteve também reunido com o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes.
A Ordem dos Enfermeiros alertou na sexta-feira para a “pressão inaceitável” a que estão sujeitos esses profissionais de saúde, devido às suas condições laborais, e defendeu o reconhecimento da profissão como de risco e desgaste rápido. Esta posição da ordem surgiu no dia em que foi divulgado um estudo que concluiu que 30% dos enfermeiros portugueses apresentam sintomas de depressão grave e 45% reportam sofrer de pelo menos uma doença física ou mental.
Estes resultados demonstram que os enfermeiros “enfrentam níveis devastadores de desgaste físico e mental”, salientou a ordem em comunicado, um cenário que considerou agravado pela falta de 14 mil profissionais no SNS, uma “carência estrutural que compromete a qualidade dos cuidados de saúde”.
A entidade liderada por Luís Filipe Barreira lamentou ainda que cerca de metade dos enfermeiros trabalhem mais de 70 horas semanais, muitos dos quais sem fins de semana livres, uma situação que alega não ser só do foro laboral, já que também “compromete a segurança e o bem-estar dos doentes”.