Ordem dos Médicos confirma falhas das brigadas rápidas para os surtos em lares
Apesar das promessas, bastonário diz que "nada de substancial está neste momento no terreno" para travar a Covid-19 nos lares.
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Cerca de cinco meses depois do surto de Covid-19 num lar de Reguengos de Monsaraz, que gerou dois relatórios com críticas graves da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Advogados, os surtos em lares com dezenas de mortos voltaram a surgir na segunda vaga da pandemia que o país atravessa.
Há mesmo um lar, da Associação do Hospital Civil e Misericórdia de Alhandra, em Vila Franca de Xira, onde já se contam mais vítimas mortais do que no lar de Reguengos, onde tinham falecido, entre junho e julho, 18 pessoas. Agora, em Alhandra, já se contam 21 vítimas mortais e em breve podem ser mais.
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Coruche é outro concelho que enfrenta, há algumas semanas, um surto em dois lares, e num desses lares já se contaram 13 vítimas mortais.
Em Beja, outro surto recente, no Lar Mansão de São José, matou, até ao momento, 11 idosos.
O Bastonário da Ordem dos Médicos, que na altura do caso de Reguengos de Monsaraz foi muito crítico, garante que, "depois desse episódio, muita coisa foi prometida pelos ministérios da Segurança Social, da Saúde e até pelo primeiro-ministro".
Miguel Guimarães afirma, contudo, que, "em termos práticos, algumas das medidas anunciadas não foram implementadas", tendo-se ignorado os apelos da Ordem dos Médicos para criar equipas específicas de apoio aos lares.
"Nada de substancial está, neste momento, no terreno", refere, acrescentando que "corremos o sério risco de a situação se agravar mais", com a intensificação da pandemia.
O bastonário defende que as brigadas de intervenção rápida para os lares, anunciadas pelo Governo, até podem já estar a funcionar mas têm tido vários problemas.
"Segundo o meu conhecimento, e temos recebido queixas nesse sentido, estas equipas de intervenção rápida não estarão a funcionar corretamente ou a funcionar em todo o país. Não é a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez que, em situações concretas em que se quer ativar estas equipas, elas não são ativadas", afirma o representante dos médicos.
Manuel Caldas de Almeida, médico geriatra e vice-presidente da União das Misericórdias Portuguesas, que acompanha aquilo que se passa nos lares, está convencido de que, na maioria das vezes, "com a explosão de casos fora dos lares, temos conseguido que não passem para os idosos".
"Há alguns casos, mais nas últimas semanas, em que morreu um maior número de pessoas, mas vale a pena não nos esquecermos de que estamos no inverno, que já normalmente tem uma série de doenças que aumentam a mortalidade nos idosos ", refere o representante da União das Misericórdias Portuguesas, que acredita que o número muito elevado de mortes afetará apenas "casos pontuais" de lares.
A maior dificuldade dos lares, neste momento, segundo Caldas de Almeida, está relacionada com os recursos humanos, que, com o avançar da pandemia, colocam constantemente baixa.
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