Ordem desmente Eduardo Cabrita. Médico não escreveu "morte por causas naturais"
Em declarações à TSF, o bastonário pede urgência na avaliação dos documentos que recebeu do Ministério da Administração Interna.
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O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, garante que os documentos que recebeu na terça-feira do Ministério da Administração Interna (MAI) não referiam em lado nenhum que Ihor Homeniuk, o ucraniano que morreu à guarda do SEF, no aeroporto de Lisboa, teria morrido de causas naturais.
Explicações que contrariam aquilo que o ministro Eduardo Cabrita disse no no Parlamento, no mesmo dia em que enviou essa documentação para a Ordem dos Médicos.
À TSF, o bastonário confirma que recebeu os papéis ontem de manhã, horas antes da ida de Eduardo Cabrita à Assembleia da República para responder aos deputados depois do escalar da polémica.
Miguel Guimarães acrescenta, contudo, que aquilo que viu não era - nem podia ser -, uma certidão de óbito, mas apenas um documento do médico do INEM a confirmar que o ucraniano morreu, a chamada verificação do óbito.
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"Quando o médico que chefia a equipa do INEM não consegue salvar a pessoa apenas faz uma verificação do óbito", ou seja, escreve, numa folha própria da emergência médica, que a pessoa está morta.
Aquilo que chegou à Ordem não tem nada a ver com uma certidão de óbito pois essa sim, feita por outro médico, teria de apontar a provável causa de morte.
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Além de não ter de avaliar a causa de morte, o médico do INEM, segundo o bastonário, nunca escreveu que a causa de morte foi natural.
"Não, não vi isso escrito, nem isso existe da parte do médico, tanto quanto é do meu conhecimento. Nos documentos a que tive acesso - e tive acesso a todos, como imagina, pois mandei-os para o conselho disciplinar, mas também estive a vê-los - não vi isso", afirma Miguel Guimarães.
Depois de receber os documentos enviados ontem pelo MAI, o bastonário encaminhou no mesmo dia o caso para o Conselho Disciplinar do Sul pedindo urgência na avaliação do caso.
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Miguel Guimarães recorda que esta é uma situação grave, pública, "em que a Ordem tem a obrigação de avaliar bem" aquilo que se passou ao nível médico, mas "dar uma resposta o mais rapidamente possível, dentro de poucas semanas".
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