Médicos já receberam indicação sobre doentes com Covid-19 a quem devem dar prioridade

Miguel Guimarães, António Costa e Marta Temido
Lusa (arquivo)
Ordem dos Médicos defende que novas medidas já vêm tarde e podem ter de ser apertadas.
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Os médicos já receberam indicações sobre a que doentes é que devem dar prioridades nos hospitais. As decisões devem ser tomadas em equipa e a idade dos doentes não pode ser um fator isolado.
Estes são alguns dos critérios do parecer divulgado pelo Conselho Nacional de Ética e Deontologia Médicas da Ordem dos Médicos. O bastonário Miguel Guimarães destaca, em declarações à TSF, as indicações mais importantes do parecer: "A idade não pode ser o único critério para decisão, por exemplo, da entrada de doentes em cuidados intensivos. Têm de existir outros critérios para além da idade. Colocar também a tónica de que quando nós estamos a falar de prioridades e, por exemplo, da entrada em cuidados intensivos, não podemos estar a pensar só em termos Covid. Há doentes Covid e há doentes não Covid."
O parecer foi feito em abril, mas não chegou a ser divulgada porque só agora é que a situação da pandemia piorou.
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"Não chegou a ser libertado por um motivo muito simples: o parecer não chegou a ser necessário. Pela evolução da pandemia, pareceu-nos que não era necessário libertar o parecer. No momento atual, com a evolução que a pandemia está a ter e o atraso que se tem tido em medidas de contenção, com muitos mais casos, faz-nos pensar que a pressão sobre os hospitais vai ser, de facto, brutal", atira Miguel Guimarães.
O bastonário dos Médicos considera que as medidas impostas pelo Governo vêm tarde. Miguel Guimarães entende as exceções do recente diploma e acrescenta que as restrições podem ter de ser apertadas.
"O que eu julgo é que estas restrições já deviam ter acontecido e são restrições parciais que podem até ter de ser agravadas, porque, neste momento, a pandemia está numa fase de crescimento. Está numa fase complexa, uma fase que ainda não está controlada. Mesmo assim, as queixas e os protestos que estão a existir de várias associações, nomeadamente aquelas que estão ligadas ao setor da restauração, mostram que as pessoas estão menos preparadas para confinar, nem que seja parcialmente, do que antes", sustenta.
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