Ordem dos Médicos quer estudo aprofundado sobre aumento da mortalidade infantil
O Presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos diz que é preciso estudar, caso a caso, os números da mortalidade infantil de 2018, que registou o valor mais alto dos últimos cinco anos.
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Os dados definitivos do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que, em 2018, morreram 281 crianças com menos de um ano. São menos oito casos em relação ao que foi avançado provisoriamente pela Direção Geral da Saúde (DGS) no início do ano. Ainda assim, 2018 registou a maior taxa de mortalidade infantil dos últimos cinco anos.
O presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos (OM), Jorge Amil Dias, considera que não há razão para alarme, mas entende que é preciso compreender este aumento com o devido rigor: "Há efetivamente uma pequena variação em relação aos números anteriores e faz todo o sentido que haja uma análise dessa variação, ver se há medidas a tomar."
O pediatra foi um dos consultores do grupo de trabalho criado pela DGS, em janeiro, para estudar a mortalidade infantil. Dois meses depois, a Diretora-geral, Graça Freitas, revelou no Parlamento que os peritos não encontraram causas concretas que justifiquem o aumento, mas considerou que as condições socioeconómicas podem estar a ter consequências na saúde das mães e dos recém-nascidos.
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Ouvido pela TSF, Jorge Amil Dias diz que o tratamento estatístico feito até agora a estes casos é insuficiente e espera que a DGS avance com um estudo pormenorizado, caso a caso, sobre as razões que motivaram a subida da taxa de mortalidade infantil.
"Falando em cerca de 280 casos é viável, individualmente, ter um panorama do que aconteceu, se se identifica alguma alteração regional que necessite de atuação mais especifica, ver se a gravidade da doença foi desproporcionada em relação aos recursos existentes para tratar, se houve mais malformações etc.", salienta Jorge Amil Dias.
Enquanto consultor nomeado pelos serviços de saúde, o especialista continua à espera de ser chamado pela DGS para analisar as conclusões, já que "não houve ainda uma reunião de análise global do resultado final da avaliação, mas faz sentido que cada um dos grupos que participa na análise exprima as suas preocupações."
Nas últimas semanas, a TSF tentou por várias vezes obter esclarecimentos da DGS sobre o relatório e os procedimentos que se seguem, mas o serviço chefiado por Graça Freitas não se mostrou disponível para responder ou facultar o acesso ao relatório.